CDS pela primeira vez na festa do Pontal do PSD

Discursos dos dois líderes devem marcar a diferença da coligação face ao PS. São esperados mais de 3300 militantes dos dois partidos.

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No ano passado, o discurso de Passos Coelho no Pontal teve como tema central a recuperação económica do país Filipe Farinha/Stills

Sem grandes surpresas, os discursos dos dois líderes da coligação Portugal à Frente deverão fazer sobressair os dados económicos divulgados esta semana sobre exportações e crescimento como resultado positivo da governação. Depois de a polémica dos cartazes do PS ter marcado a agenda dos últimos dias, o PSD e o CDS não querem apagar esse caso e apostam em transmitir uma imagem de confiança – a palavra que precisamente foi escrita a letras garrafais nos novos cartazes socialistas.

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Sem grandes surpresas, os discursos dos dois líderes da coligação Portugal à Frente deverão fazer sobressair os dados económicos divulgados esta semana sobre exportações e crescimento como resultado positivo da governação. Depois de a polémica dos cartazes do PS ter marcado a agenda dos últimos dias, o PSD e o CDS não querem apagar esse caso e apostam em transmitir uma imagem de confiança – a palavra que precisamente foi escrita a letras garrafais nos novos cartazes socialistas.

Uma das traves-mestras da mensagem da coligação é marcar a diferença entre o trabalho que foi feito nos últimos quatro anos na mudança estrutural da economia – sustentada nos dados económicos – e o “risco” da proposta do PS. Ainda esta sexta-feira, a propósito das estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), o PSD apontou a tendência de crescimento do PIB e criticou os “aventureirismos” do PS. O CDS, por seu turno, sublinhou o crescimento económico como “consistente, sólido e coerente”.

É ainda possível que Passos Coelho recupere o ponto de partida – a situação de pré-bancarrota em 2011 – para sublinhar a recuperação económica. Esse foi um dos motes do discurso de 2012, também na festa do Pontal, quando a recessão era profunda. Nessa altura, num ano em que a festa se mudou para uma sala de um hotel, o primeiro-ministro anunciava a perspectiva de recuperação económica para 2013.

Mas o discurso deste ano, ao que o PÚBLICO apurou, deve ser muito menos financeiro e mais focado na economia e nas pessoas. Até porque uma das medidas do programa da coligação é a devolução gradual dos rendimentos a pensionistas e funcionários públicos, ainda que a um ritmo menos acelerado do que a proposta socialista. Um plano com base num cenário macro-económico ao qual a coligação PSD/CDS aponta, com ironia, ser sustentado em dados muito positivos.

Abdicando de fazer, por esta altura, uma festa de rentrée do CDS, Paulo Portas estreia-se no Pontal, naquela que poderá ser uma antevisão dos comícios da campanha eleitoral, só que com uma plateia muito maior. São esperadas mais de 3300 pessoas dos dois partidos. Como coordenador das políticas económicas, as suas intervenções têm andado à volta dos sinais positivos da economia, sem esquecer o turismo, uma das pastas que o CDS tem no Governo. Mas é natural que o líder do CDS volte a apontar baterias ao PS para criticar as promessas de António Costa.

Em ambiente de festa e de pré-campanha eleitoral, o palco do calçadão da Quarteira será partilhado pelos presidentes das duas distritais, pelos cabeças de lista, o independente José Costa Barros e Teresa Caeiro (a primeira do CDS e a terceira na lista da coligação) e, por fim, pelos dois líderes dos partidos.

A festa do Pontal acontece duas semanas depois de terem sido fechadas as listas de deputados e que foram mais pacíficas no PSD do que no CDS. As estruturas locais dos sociais-democratas tiveram mais margem de manobra para indicar candidatos em lugares elegíveis enquanto os centristas viram as posições de destaque cativadas pela direcção nacional de Paulo Portas. Ainda assim, no PSD, ouviram-se alguns ecos de descontentamento em Leiria, em que o presidente da distrital, Fernando Costa, foi excluído das listas (depois de uma votação na comissão política nacional) e acabou por se demitir de director regional da campanha. Também em Beja, a escolha da cabeça de lista Nilza de Sena, deputada e sem qualquer ligação à região, desagradou a dirigentes locais que acusaram Passos Coelho de ser arrogante. As estruturas locais aspiravam a ter uma figura elegível na lista para substituir Carlos Moedas, o cabeça de lista em 2011.

No distrito de Aveiro – um dos mais conturbados para o CDS – não foi a escolha de Luís Montenegro (líder parlamentar) para cabeça de lista, mas sim a exclusão do actual deputado Paulo Cavaleiro. Em Coimbra também causou estranheza a saída de Pedro Saraiva, o deputado que foi responsável pelo relatório da comissão de inquérito ao BES/GES.