Emigrantes lesados pedem a Stock da Cunha e Carlos Costa uma nova proposta
Os emigrantes enviaram uma carta ao governador do Banco de Portugal e ao presidente do Novo Banco afirmando que a proposta apresentada não será aceite.
A carta, a que a agência Lusa teve acesso, foi enviada quinta-feira e pede a Stock da Cunha, líder do Novo Banco, e a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal (BdP), "uma negociação à mesa redonda, com representantes de todos os intervenientes e em curto espaço de tempo", propondo uma resposta "num espaço de cinco dias" para que esclareçam se as propostas colocam ou não os "direitos anteriores adquiridos pelos emigrantes lesados".
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A carta, a que a agência Lusa teve acesso, foi enviada quinta-feira e pede a Stock da Cunha, líder do Novo Banco, e a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal (BdP), "uma negociação à mesa redonda, com representantes de todos os intervenientes e em curto espaço de tempo", propondo uma resposta "num espaço de cinco dias" para que esclareçam se as propostas colocam ou não os "direitos anteriores adquiridos pelos emigrantes lesados".
O MEL observa que os emigrantes lesados "apenas subscrevem propostas que não coloquem em causa todos os direitos anteriores - particularmente os direitos à justa indemnização por venda de produtos associados a informação técnica deficiente".
Os emigrantes ameaçam que se houver falta de resposta tanto do presidente do Novo Banco como do governador do Banco de Portugal, o movimento informará "os seus membros de que não deverão aceitar as referidas propostas".
No entanto, o MEL afirmou, esta sexta-feira, estar disposto a assinar um acordo desde que sejam "dadas garantias" de reembolso do montante investido, ou seguirão "pela luta" porque não podem deixar "que o próprio país os roube”.
“Estão aqui muitos emigrantes, queremos com este protesto ver se arranjamos garantias porque as propostas que nos foram feitas, com obrigações com cupão zero e uma maturidade a 32 anos, não nos satisfazem”, afirmou à agência Lusa Filomena Martins, do MEL, durante mais uma manifestação dos clientes lesados do papel comercial do BES, no Porto. É que, salientou, muitos dos lesados "têm cerca de 60 anos e nunca vão receber esse dinheiro em vida”.
De acordo com Filomena Martins, são cerca de 8000 emigrantes lesados, 4000 dos quais residentes em França, sendo o montante global do dinheiro em causa de 720 milhões de euros.
Rui Alves da AIEPC e um dos 200 a 300 manifestantes que estão concentrados na Avenida dos Aliados, disse à Lusa que estes seguirão agora em marcha por aquela avenida, passando depois pelas ruas de Sá da Bandeira, Santa Catarina e Passos Manuel, para de novo regressarem à sede do Novo Banco nos Aliados.
Depois de se ter concentrado frente à agência do Novo Banco nos Aliados, o grupo deslocou-se alguns metros e instalou-se, gritando palavras de ordem, ostentando cartazes em inglês, francês e português e tocando buzinas, junto às instalações do Banco de Portugal também situadas naquela avenida.
Ali, vários elementos da polícia de choque mantêm-se barrar a entrada, tendo já ocorrido um momento de alguma confusão entre a PSP e os manifestantes, quando estes atiraram dois ovos às instalações do BdP e se ouviram alguns estrondos resultantes do rebentamento de bombas de carnaval. Devido à manifestação, o trânsito mantém-se cortado no sentido descendente da Avenida dos Aliados.
O protesto é organizado pela AIEPC e pelo MEL e ocorre quatro dias depois de as duas associações se terem manifestado em Lisboa, durante cerca de cinco horas, em frente à sede do Novo Banco e do Banco de Portugal, com alguns manifestantes a entrarem em confronto com a polícia, a atirarem ovos às fachadas das instituições e a partirem alguns vidros.
Na semana passada, o Banco de Portugal anunciou ter recebido uma das três propostas finais revista para a compra do Novo Banco. O Banco de Portugal esclareceu, no entanto, que, apesar de só uma ter sido revista, "as propostas vinculativas recebidas no dia 30 de Junho continuam integralmente válidas, tendo sido entretanto objecto de clarificações no âmbito das discussões havidas com cada um dos três potenciais compradores". Assim, mantêm-se na corrida à compra do Novo Banco três candidatos: os grupos chineses Fosun e Anbang e o grupo norte-americano Apollo.