Passadiço de madeira da Ribeira das Naus, em Lisboa, só durou um ano

Autor do projecto explica que vai ser colocado "um pavimento mais resistente", dado o volume de tráfego registado.

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O trânsito na Avenida Ribeira das Naus só deve reabrir a 3 de Setembro Miguel Manso/Arquivo

“O que se percebeu é que a carga de trânsito que se pensou que ia existir afinal é muito superior”, adiantou ao PÚBLICO João Gomes da Silva, que foi, juntamente com João Nunes, autor do projecto de requalificação da Avenida Ribeira das Naus. Segundo o arquitecto paisagista, o facto de não se terem verificado na prática as estimativas de tráfego que tinham sido feitas acarretou “vários problemas”, que a câmara está agora a tentar resolver.

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“O que se percebeu é que a carga de trânsito que se pensou que ia existir afinal é muito superior”, adiantou ao PÚBLICO João Gomes da Silva, que foi, juntamente com João Nunes, autor do projecto de requalificação da Avenida Ribeira das Naus. Segundo o arquitecto paisagista, o facto de não se terem verificado na prática as estimativas de tráfego que tinham sido feitas acarretou “vários problemas”, que a câmara está agora a tentar resolver.

“O pavimento é constituído por vigas de madeira e lâminas de aço, que estavam solidárias umas com as outras. Com a vibração e com a intensidade de passagem do tráfego, a parte metálica começou a desligar-se da madeira”, explicou João Gomes da Silva, acrescentando que isso fez com que o pavimento começasse a “vibrar” e a produzir “barulho” quando os automóveis lá passavam. Face a isso, o arquitecto paisagista diz que havia duas opções: “ou era tudo ligado” ou se fazia a substituição por “um pavimento mais resistente”.

João Gomes da Silva diz que a última opção foi a escolhida, acrescentado que à câmara foi proposto que substituísse a madeira e o aço existentes por “pedra” ou por “uma espécie de vigas de betão que encaixam umas nas outras”. O arquitecto paisagista diz que não sabe por qual dessas soluções se optou. Já o município não respondeu às perguntas que o PÚBLICO lhe dirigiu sobre o assunto.

Certo é que a Avenida Ribeira das Naus se encontra fechada ao trânsito desde a passada semana. Num primeiro comunicado divulgado sobre o assunto, a câmara limitava-se a dizer que a artéria à beira-rio estava “temporariamente encerrada”, “devido a obras de manutenção”.

Esta quarta-feira à noite, depois de o Observador ter noticiado que esse encerramento se devia à existência de danos na ponte de madeira que passa sobre o Tejo, foi divulgado um novo comunicado. Nele justifica-se o corte de trânsito com “obras de manutenção e substituição do pavimento do passadiço” e acrescenta-se que os trabalhos deverão estar concluídos a 3 de Setembro.  

Desde que foi inaugurada a segunda fase da requalificação da Ribeira das Naus, em Julho de 2014, esta artéria passou a estar encerrada ao trânsito automóvel aos fins-de-semana e durante as férias escolares. Mas este Verão não estava previsto que tal acontecesse: no início de Junho a câmara informou que a avenida à beira-rio permaneceria aberta, “devido às obras na Avenida Infante Santo e aos condicionamentos de trânsito provocados por aquela intervenção na rede de saneamento”.