"Startup" sul-coreana cria "smartwatch" para cegos
Chama-se Dot e transforma textos "online" em caracteres de Braille. Chega aos EUA e Canadá em Dezembro por menos de 270 euros
A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, existam 285 milhões de pessoas com dificuldades visuais extremas, sendo que 39 milhões são totalmente cegas. Parte dessas pessoas usam telemóveis para os seus contactos diários mas para lerem têm de recorrer a aplicações que o façam por si, a livros ou outros suportes em Braille ou à assistente pessoal Siri. Uma "startup" sul-coreana decidiu agilizar o processo de leitura e criou um relógio inteligente para que os invisuais usem também os textos digitais.
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A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, existam 285 milhões de pessoas com dificuldades visuais extremas, sendo que 39 milhões são totalmente cegas. Parte dessas pessoas usam telemóveis para os seus contactos diários mas para lerem têm de recorrer a aplicações que o façam por si, a livros ou outros suportes em Braille ou à assistente pessoal Siri. Uma "startup" sul-coreana decidiu agilizar o processo de leitura e criou um relógio inteligente para que os invisuais usem também os textos digitais.
Chama-se Dot e é uma mistura visual de um Apple Watch e de uma pulseira de leitura de actividade física, o "smartwatch", ainda que diferente dos que têm sido lançadas por marcas como a Apple, Motorola ou a Swatch. Neste aparelho não há o clássico ecrã com ícones mas uma superfície com pequenos orifícios por onde surgem pins minúsculos que formam frases em Braille.
Num mercado que continua a apresentar novidades, e que pode chegar a vendas de milhões de unidades, como foi o caso do iWatch da Apple logo no início do lançamento, o Dot pretende preencher um espaço vazio quanto a produtos digitais destinados a pessoas com deficiências visuais.
Se tivermos em conta que só a Bíblia em Braille está disponível em 40 volumes, e que apenas cerca de 1% da literatura foi traduzida para esta linguagem, a leitura para uma pessoa cega pode tornar-se difícil devido ao espaço necessário para ter obras, à limitação da oferta de livros em Braille e ao custo dos mesmos.
Com um valor de mercado inferior a 300 dólares (273 euros) e com chegada prevista ao consumidor em Dezembro, o Dot tem quatro pequenas células, cada uma com seis pins activos, com capacidade para aparecerem quatro caracteres em Braille de uma vez. O relógio pode ser acertado para mudar os caracteres a várias velocidades e tem uma autonomia de dez horas até que a bateria tenha que ser recarregada.
Como a "startup" Dot Incorporation explicou ao "site" Tech in Asia, o aparelho é feito com base na tecnologia háptica, ou seja táctil, que providencia "feedback" ou informação em tempo real através do toque. Através de uma ligação por Bluetooth, o Dot consegue ir buscar texto a aplicações móveis como o iMessage através de comandos de voz. O relógio consegue ler qualquer texto seja de um "ebook" ou de um "site" e as palavras aparecem através dos pequenos pins que sobem e descem à velocidade determinada pelo utilizador.
“Até agora, quando recebíamos uma mensagem em iOS da nossa namorada, por exemplo, tínhamos que ouvir a Siri [assistente pessoal da Apple] a ler naquela voz, o que é impessoal”, afirmou ao Tech in Asia o presidente executivo da sul-coreana Dot Incorporation, Eric Ju Yoon Kim, sublinhando que com este relógio inteligente os utilizadores podem ler textos à sua maneira e velocidade. “Não preferias ler por ti próprio e ouvir a voz da tua namorada a dizê-lo na tua cabeça?”, questionou Kim.
O próximo passo da equipa é instalar a mesma tecnologia em espaços públicos, com informação em tempo real, como caixas multibanco, que podem dizer o saldo bancário, estações de comboios para se ter acesso por voz aos horários e preçários, informações inacessíveis a pessoas com limitações visuais.
Dentro de quatro meses, o Dot começa a ser comercializado primeiro nos Estados Unidos e no Canadá e depois noutros países ainda sem data definida. Dez mil unidades serão inicialmente colocadas no mercado em Dezembro.