Por um punhado de cartazes
Parece um mau filme, este a que o PS se entrega nos tristes episódios dos seus cartazes de campanha.
Por um daqueles acasos que a vida nos proporciona, quem não sabia ficou a saber por via de uma entrevista publicada na revista 2, do PÚBLICO, que a estética do jornal de extrema-esquerda Revolução (do PRP de Isabel do Carmo) se devia a Ernesto de Sousa (1921-1988), criador vanguardista, investigador e crítico de arte. Outros partidos, ou movimentos, ou associações, recorriam com frequência a artistas plásticos que, para a história, deixaram alguns trabalhos e cartazes memoráveis. Isto na segunda metade do século XX. Ora o que faz com que um partido como o PS, pretendente a ser governo e autor de algumas frases político-publicitárias como “É tempo de confiança”, se deixe enredar num caso de cartazes que o mete a ridículo? Não é um problema de arte, ou imaginação, ou recursos: é uma trapalhada inominável onde não se percebe onde começa a responsabilidade (e de quem) e acaba a catástrofe. Se fosse um “western” barato para encher a dolência do Verão, podia chamar-se “Por um punhado de cartazes”. Mas não é. É uma campanha de um partido que apela à responsabilidade, à confiança, ao fim das mentiras, ao respeito pelas pessoas. E depois deixa que se colem nas paredes coisas risíveis como o “virar a página”, usa fotografias de gente que se queixa, diz que ainda assim vai manter os cartazes, depois decide retirá-los, ameaça “despedir” Edson Athayde e depois decide recontratá-lo, deixa cair um responsável de campanha (que se demitiu, tardiamente, depois de ter desvalorizado as críticas e ter dito que a contestada campanha ia continuar “com um novo cartaz”) e nomeia outro… Enfim. Se tivesse sido o PSD, o CDS ou qualquer outro adversário político do PS a criar tal imbróglio, dificilmente o faria tão trapalhão, tão rasteiro, tão impiedoso nas marcas que deixa. Pois se um cartaz não retrata um partido, diz muito acerca dele. Nestes tristes episódios, por um punhado de cartazes, o PS arrisca mais do que imagina.
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Por um daqueles acasos que a vida nos proporciona, quem não sabia ficou a saber por via de uma entrevista publicada na revista 2, do PÚBLICO, que a estética do jornal de extrema-esquerda Revolução (do PRP de Isabel do Carmo) se devia a Ernesto de Sousa (1921-1988), criador vanguardista, investigador e crítico de arte. Outros partidos, ou movimentos, ou associações, recorriam com frequência a artistas plásticos que, para a história, deixaram alguns trabalhos e cartazes memoráveis. Isto na segunda metade do século XX. Ora o que faz com que um partido como o PS, pretendente a ser governo e autor de algumas frases político-publicitárias como “É tempo de confiança”, se deixe enredar num caso de cartazes que o mete a ridículo? Não é um problema de arte, ou imaginação, ou recursos: é uma trapalhada inominável onde não se percebe onde começa a responsabilidade (e de quem) e acaba a catástrofe. Se fosse um “western” barato para encher a dolência do Verão, podia chamar-se “Por um punhado de cartazes”. Mas não é. É uma campanha de um partido que apela à responsabilidade, à confiança, ao fim das mentiras, ao respeito pelas pessoas. E depois deixa que se colem nas paredes coisas risíveis como o “virar a página”, usa fotografias de gente que se queixa, diz que ainda assim vai manter os cartazes, depois decide retirá-los, ameaça “despedir” Edson Athayde e depois decide recontratá-lo, deixa cair um responsável de campanha (que se demitiu, tardiamente, depois de ter desvalorizado as críticas e ter dito que a contestada campanha ia continuar “com um novo cartaz”) e nomeia outro… Enfim. Se tivesse sido o PSD, o CDS ou qualquer outro adversário político do PS a criar tal imbróglio, dificilmente o faria tão trapalhão, tão rasteiro, tão impiedoso nas marcas que deixa. Pois se um cartaz não retrata um partido, diz muito acerca dele. Nestes tristes episódios, por um punhado de cartazes, o PS arrisca mais do que imagina.