A “intensa rede social” de Maria de Belém vai para lá do PS

Apoiada por seguristas, pelo presidente da Infarmed e pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Maria de Belém não é vista como uma hipótese de candidata pela direcção do PS.

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Maria de Belém faz várias recomendações ao Governo Luís Ramos

Maria de Belém terá a estrutura e os apoios que necessita no dia seguinte ao que anunciar a sua candidatura à Presidência da República. Esta é a convicção arreigada no “núcleo” de personalidades que defendem o avanço da ex-ministra da Saúde, onde se destacam os seguristas. E, segundo apoiantes seus assumiram ao PÚBLICO, a máquina eleitoral não se limitará a parte das estruturas do PS, mas também à “intensa rede social” que a ex-ministra de António Guterres foi construindo ao longo da sua carreira política.

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Maria de Belém terá a estrutura e os apoios que necessita no dia seguinte ao que anunciar a sua candidatura à Presidência da República. Esta é a convicção arreigada no “núcleo” de personalidades que defendem o avanço da ex-ministra da Saúde, onde se destacam os seguristas. E, segundo apoiantes seus assumiram ao PÚBLICO, a máquina eleitoral não se limitará a parte das estruturas do PS, mas também à “intensa rede social” que a ex-ministra de António Guterres foi construindo ao longo da sua carreira política.

Maria de Belém Roseira tem mantido o silêncio sobre as suas intenções desde que, em Dezembro, a eurodeputada Ana Gomes deu o tiro de partida para a corrida numa reunião da comissão política do PS. O argumento da ex-presidente do PS foi que este era o tempo das legislativas. Mas isso não impediu que ao longo dos meses, um conjunto de socialistas tenha vindo a público alimentar a fogueira presidencial.

Eurico Brilhante Dias, ex-secretário nacional da direcção de António José Seguro e candidato às legislativas de Outubro, é um desses entusiastas. Mas não está sozinho. Mesmo sem o apoio oficial do PS, há já uma rede que extravasa o PS. Nesse “núcleo” de entusiastas encontra-se, por exemplo, o reitor do ISCTE, Luís Antero Reto.

Eurico Brilhante Dias explicou ao PÚBLICO a “grande vantagem” da socialista em relação a outros nomes. “Tem índices de notoriedade muito elevados”, assegura. Da mesma forma não parece preocupado em relação ao empenho do aparelho do PS. “Mesmo apresentando a candidatura em Outubro, Maria de Belém não terá grandes dificuldades de organização”, diz antes de traduzir o que entende por “organização”: “Ter as 7500 assinaturas e uma estrutura de campanha.”

A percepção, no interior do PS, corrobora em parte Eurico Dias. Um membro da direcção de António Costa resumiu-o. “A Maria de Belém já foi presidente do PS. Está a ver como é que reagiria o PS profundo se tivesse de escolher entre um antigo presidente e uma pessoa que quase ninguém conhece?” Um dirigente distrital socialista confirmou também que a percepção é que “Maria de Belém é [uma candidata] mais forte”. Nos últimos dois meses, Belém foi recebendo incentivos de “presidentes de câmara, vereadores e deputados”. Há parte do aparelho, portanto.

Contudo, a direcção nacional do PS ainda não abriu a boca sobre Maria de Belém Roseira. E ao mais alto nível a frieza é absoluta em relação a este nome. No Secretariado Nacional, por exemplo, a sua candidatura tem sido ignorada e nenhum dos seus membros defendeu o apoio oficial ao seu nome. E de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, dificilmente a candidatura será apoiada por António Costa. Há mesmo quem lembre a relação de desconfiança que se estabeleceu entre ambos quando António Costa desafiou a liderança de António José Seguro, enquanto presidente do PS, Maria de Belém tomou partido por Seguro. E há quem afirme que António Costa considera que ela não teria “isenção” para ocupar o primeiro cargo da hierarquia do Estado. Os membros da actual direcção ouvidos pelo PÚBLICO garantem mesmo que é “essa proximidade a Seguro” que justifica que agora os seguristas sejam determinantes no estado-maior da sua candidatura.

Na direcção do PS há ainda quem saliente que a ligação de Maria de Belém ao sector da saúde e o facto de ela, enquanto deputada a trabalhar na área da saúde no Parlamento ter acumulado com uma ligação profissional ao sector da saúde do Grupo Espírito Santo, uma ligação que recentemente já gerou uma polémica entre Maria de Belém Roseira e responsável pela Associação Manifesto, Daniel Oliveira, nas páginas do Expresso.

Mesmo sem apoio da direcção do PS, há a “rede social intensa” que Maria de Belém Roseira angariou ao longo dos anos. Uma “possível candidatura de Maria de Belém seria muito bem acolhida em vários sectores da sociedade portuguesa”, garantiu Brilhante Dias. Convidado a concretizar, este economista citou os “sectores da saúde e social”. Ou seja, misericórdias, IPSS, médicos e farmacêutica.

O compasso de espera da própria Maria de Belém significa que o mesmo se esteja a passar em relação a potenciais apoios. No entanto, isso não invalida que surjam elogios vindos dos sectores onde a base de apoio está identificada. Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da entidade reguladora das farmacêuticas, Infarmed, Eurico Castro Alves, frisa que o desempenho do cargo que ocupa lhe exige “distanciamento” em relação à disputa política. Mas não deixou de reconhecer ter uma “grande admiração pela carreira política e profissional de Maria de Belém”. Também o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, entende que não se “pronunciar contexto das eleições presidenciais”, devido ao seu cargo. Mas admite a “excelente relação e enorme simpatia” com Maria de Belém.