Providência cautelar tenta impugnar alargamento da concessão das linhas da STCP

A AMTP, cuja extinção tem efeitos práticos a partir deste fim-de-semana, aprovou alterações das linhas da STCP e a concessão por 10 anos.

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Os trabalhadores da STCP alegam que o quadro de pessoal da empresa já tem um défice de 140 motoristas Paulo Ricca (arquivo)

A providência cautelar, que foi entregue no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, visa "suspender a eficácia da decisão", confirmou à Lusa fonte da AMP.

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A providência cautelar, que foi entregue no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, visa "suspender a eficácia da decisão", confirmou à Lusa fonte da AMP.

Em causa está a decisão que foi tomada em reunião do conselho executivo da AMTP, em Junho, realizada sem dar prévio conhecimento aos municípios.

Naquela reunião, a AMTP, cuja extinção tem efeitos práticos a partir deste fim-de-semana, aprovou alterações das linhas da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) e a concessão por 10 anos. Na ocasião, o representante da AMP, Lino Ferreira, votou contra e apresentou uma declaração de voto sobre esse alargamento.

A AMP defende que a AMTP não devia tomar medidas que comprometem o futuro, tanto mais quando já sabia que a sua extinção teria efeitos práticos em breve, com a entrada em vigor do novo Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros.

Em Junho, após esta reunião, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto (CmP) afirmou à Lusa que, "os municípios, enquanto futura entidade gestora das actuais competências da AMTP, deveriam ter sido ouvidos com a necessária antecedência sobre as medidas que vão trazer alterações significativas às linhas operadas pela STCP, o que não se verificou".

Na declaração de voto da AMP, a que a Lusa teve acesso, Lino Ferreira "considera que o Conselho Executivo da AMTP não deveria deferir o requerimento sem que todas as dúvidas se encontrem esclarecidas e sem que os municípios abrangidos pelas referidas linhas/carreiras tenham sido ouvidos".

Nessa declaração de voto, Lino Ferreira critica o facto de o requerimento da STCP ter sido enviado na véspera da reunião da AMTP, por correio eletrónico e sem conhecimento da AMP.

Na última reunião do CmP, a 31 de Julho, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, confirmou estar em curso o processo para impugnar o acto de concessionar as linhas actualmente operadas pela STCP por mais 10 anos.

Os autarcas da AMP criticaram ainda que a STCP não tenha concertado com os municípios [servidos pelos autocarros] "aquilo que são as opções, as vontades e necessidades para satisfazer a população”.

Esta decisão da AMTP foi vista como uma forma de beneficiar o concorrente que ganhou a operação do Metro e da STCP, que garantiria, desta maneira, a exploração das linhas fora da cidade do POrto pelo mesmo período da sub-concessão das duas empresas. O problema é que, na véspera de se completar um ano desde o lançamento do concurso público, e depois de inúmeros percalços e adiamentos, os catalães da TMB/Moventis têm mostrado pouco interesse na gestão do serviço da STCP e ainda não é certo, por isso, que a operação das transportadoras lhe venha a ser entregue.