Fornecedora das comunicações militares vendida a grupo inglês
Estado português aliena totalidade da participação da Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica.
Esta quarta-feira, a Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica (EID) tornou-se, praticamente, mais uma das empresas da industria de defesa nacional a mudar de mãos, tornando-se totalmente privada e nas mãos de estrangeiros. O negócio de 19 milhões de euros foi anunciado pelo escritório Cuatrecasas, que assessorou o Estado na privatização, através da Empordef.
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Esta quarta-feira, a Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica (EID) tornou-se, praticamente, mais uma das empresas da industria de defesa nacional a mudar de mãos, tornando-se totalmente privada e nas mãos de estrangeiros. O negócio de 19 milhões de euros foi anunciado pelo escritório Cuatrecasas, que assessorou o Estado na privatização, através da Empordef.
O comprador foi um grupo inglês, criado em 2006, que opera no mesmo mercado na concepção e fornecimento de equipamentos e tecnologias de informação para o mercado de defesa e segurança.
Criada há cerca de 30 anos, foi ganhando ao longo dos anos experiência e know-how através do fornecimento de equipamentos e serviços ao Exército e Marinha portuguesas. As suas áreas de negócio centram-se na comunicação terrestre (rádios e sistemas integrados para o Exército) e grandes plataformas para navios. A empresa foi criada em parceria com a alemã Rohde & Schwarz GmbH & Co, incluindo além da holding estatal EMPORDEF, a EFACEC. O Estado português detinha actualmente pouco mais de 40% da empresa: 38,57%, através da Empordef e outros 4,52% através da participação do IAPMEI.
Actualmente, a EID estava já internacionalizada, tendo fornecido ao longo dos anos equipamento para as forças armadas do Reino Unido, Espanha, Holanda, Brasil, França, Austrália e Taiwan. O grupo inglês Cohort receber 99,98% do capital da EID pelos 19 milhões que acordou pagar. É a primeira aquisição do grupo inglês fora do seu território.
Especialista na concepção e fornecimento de equipamentos e sistemas tecnologicamente avançados, a EID emprega 138 pessoas e fechou o último exercício com lucros de 1,4 milhões de euros e uma facturação de 14,5 milhões de euros, com as exportações a gerarem mais de metade das vendas.
O presidente executivo do grupo inglês, Andrew Thomis, classificou a aquisição como um “passo importante” para a sua empresa, destacando a “complementaridade” que os serviços da EID permitiriam aos actuais negócios da Cohort. Além do mercado europeu, a mais-valia da EID para os ingleses está na sua implantação no Sudeste Asiático.
Horas depois a administração da EID confirmava a mudança. "Esta proposta vai ser remetida às tutelas (Defesa e Finanças), as quais, após parecer da UTAM (Unidade Técnica de Acompanhamento ao Sector Empresarial do Estado), se pronunciarão para decisão final, estimando-se que o processo se conclua durante o mês de Setembro de 2015.”
Durante o mandato de José Pedro Aguiar-Branco no Ministério da Defesa, o Governo alienou já um conjunto de empresas do sector. Além da mais mediática sub-concessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a EDISOFT foi negociada para a francesa Thales. A ETI, outra das empresas da holding – que Aguiar-Branco decidiu entretanto extinguir – não conseguiu angariar compradores durante este ano. a tutela chegou a receber onze manifestações de interesse mas nenhum apresentou uma proposta vinculativa.
José Pedro Aguiar-Branco anunciara há mais de dois anos a intenção de extinguir ou privatizar a maioria das empresas da Defesa. As excepções são as OGMA, onde o Estado detém uma participação de 35% e o Arsenal do Alfeite. O ministro chegou a encomendar um estudo a Augusto Mateus sobre o Alfeite para decidir o seu destino.