CDS diz que PS está a fazer “birra para fugir aos debates”
Costa e Passos defrontam-se a 9 e a 17 de Setembro na TV e na rádio. Encontro das quatro candidaturas marcado para dia 22 de Setembro. “De que tem medo o PS?”, questiona o CDS sobre a recusa de Costa debater com Portas.
Na segunda-feira, a Rádio Renascença tinha anunciado que o primeiro frente-a-frente entre Costa e Passos se realizaria nas rádios Antena 1, RR e TSF a 10 de Setembro, mas numa nova reunião realizada hoje, os representantes das rádios, das televisões (RTP, SIC e TVI), do PS e PSD mudaram o calendário.
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Na segunda-feira, a Rádio Renascença tinha anunciado que o primeiro frente-a-frente entre Costa e Passos se realizaria nas rádios Antena 1, RR e TSF a 10 de Setembro, mas numa nova reunião realizada hoje, os representantes das rádios, das televisões (RTP, SIC e TVI), do PS e PSD mudaram o calendário.
Mantém-se o debate entre todas as candidaturas para dia 22 de Setembro, dois dias depois do início da campanha eleitoral, que será conduzido pelas três televisões generalistas e transmitido em simultâneo por todos os meios de comunicação social que queiram usar o sinal. Há dias, as candidaturas e as televisões tinham já chegado a acordo que este debate seria a quatro: as coligações Portugal à Frente e CDU, PS e Bloco de Esquerda. Mas o CDS não desarma da sua vontade de que Paulo Portas participe - sob o argumento de que é preciso avaliar em separado a participação do PSD e do CDS no Governo.
Tal como também não desiste, com o mesmo argumento, de batalhar pela presença de Paulo Portas nos restantes frente-a-frente que as televisões estão a negociar individualmente com os líderes das candidaturas. Mas o PS recusa, alegando que a nova lei, proposta e aprovada no Parlamento pela direita (com a abstenção socialista), exige apenas debates entre as candidaturas.
Fonte da direcção centrista acusa mesmo o PS de estar a fazer uma “birra para fugir aos debates” e lembra que o deputado socialista Jorge Lacão, numa conferência de imprensa no final de Maio sobre as novas regras para a cobertura noticiosa da campanha eleitoral que estavam então em preparação no Parlamento, defendeu que o princípio que deve reger a cobertura é o da “liberdade editorial”, de acordo com a qual “os órgãos de comunicação social estabelecerão os debates que, em seu critério, fazem sentido”.
Ora, a nova lei exige apenas um debate com a participação de, pelo menos, as candidaturas que já estão representadas no órgão a que a eleição se destina. E isso está já assegurado com o debate a quatro. Por isso, todos os frente-a-frente que as televisões e as rádios propuserem entram no princípio da liberdade editorial.
As televisões propuseram ao PS que António Costa debatesse individualmente, além de Passos Coelho, com Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. O líder socialista aceita todos excepto Portas. E o PS, sabe o PÚBLICO, entende que se as TV insistirem nesse debate, deve enviar Carlos César para defrontar Portas – ambos são os presidentes dos respectivos partidos e nenhum é líder de qualquer candidatura. “De que tem medo o PS?”, questiona, provocadoramente, fonte do CDS-PP. Os centristas dizem mesmo que “o respeito do PS pela liberdade editorial não passou a prova dos factos: acham-se donos das televisões e dos debates”.
Perante a intransigência de Costa, a direcção do CDS diz que é “no mínimo anómalo que o PS critique o CDS e o seu líder dia sim dia sim, e depois recuse debater democraticamente com ele”. E acrescenta: “No fundo, o PS ataca o CDS mas tem um qualquer receio de debater com o CDS os factos e os argumentos. Em bom português, a posição do PS de recusar debates com o líder do CDS é toca e foge: ataques a solo, sim; confronto directo e cara a cara, nem pensar.”
Mas as acusações não ficam por aqui. Fonte da direcção de Paulo Portas considera haver uma “deriva de controleiros nesta relação do PS com a comunicação social, e há uma deriva de arrogância na relação do PS com os adversários políticos”. E vai buscar um exemplo ao baú das memórias, quando António Costa defendeu o fim dos debates quinzenais na Assembleia da República com a presença do primeiro-ministro. “Em ambos os casos é uma visão monocórdica da democracia que está em causa”, remata.
O PÚBLICO tentou obter um comentário do PS mas não foi ainda possível.