Burro mirandês útil na prevenção de incêndios florestais

Projecto de investigadores da Universidade de Vila Real vai recorrer ao potencial do burro mirandês para evitar incêndios

Foto
Burros serão utilizados em parcelas de terreno previamente seleccionadas para redução de combustível João Henriques

Investigadores da Universidade de Vila Real e técnicos da Associação para Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) estão a desenvolver um projecto com vista à prevenção de incêndios florestais recorrendo ao potencial do burro mirandês. Segundo disse à agência Lusa o secretário técnico da AEPGA, Miguel Nóvoa, este projecto passa pela manutenção de prados e lameiros naturais do Nordeste Transmontano, criando-se zonas "tampão" entre localidades e áreas de maior risco de incêndio.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Investigadores da Universidade de Vila Real e técnicos da Associação para Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) estão a desenvolver um projecto com vista à prevenção de incêndios florestais recorrendo ao potencial do burro mirandês. Segundo disse à agência Lusa o secretário técnico da AEPGA, Miguel Nóvoa, este projecto passa pela manutenção de prados e lameiros naturais do Nordeste Transmontano, criando-se zonas "tampão" entre localidades e áreas de maior risco de incêndio.

No âmbito do projecto, os burros serão utilizados em parcelas de terreno previamente seleccionadas para a redução de combustível, tanto no Outono como na Primavera. Ali se colocarão, no mínimo, uns dez animais, que ao longo de determinado período de tempo se alimentam, deixando os "terrenos limpos". "Se espaços como os lameiros ou áreas semelhantes andarem limpas, é muito mais fácil dominar os incêndios, principalmente nas proximidades das localidades", frisou Miguel Nóvoa.

Este tipo de área agrícola, explicou, "está a ficar abandonado, e ali crescem mato, sebes ou giestas. Estes espaços serviam como faixas de limitação de combustível, não deixando as chamas avançarem em caso de incêndio florestal". Agora, o propósito passa para inverter o abandono dos lameiros e dos prados, já que são espaço "únicos" para os burros andarem livremente e poderem, ao mesmo tempo, alimentar-se.

"O burro, tal como a cabra tem uma apetência por espécies arbustivas para a sua alimentação, já que a sua dieta em determinada altura do ano engloba cerca de 60% deste de arbustos e ervas", explicou Miguel Nóvoa. Por seu lado, Miguel Quaresma, investigador da UTAD, é da opinião que está poderá ser uma forma alternativa para tentar evitar a diminuição do efectivo do burro mirandês, que actualmente se encontrar em risco de extinção. Um estudo recentemente publicado pela UTAD alerta que o burro mirandês pode extinguir-se nos próximos 50 anos.