Com Dirceu atrás das grades, Dilma e PT preparam-se para o pior

Detenção do antigo homem forte do Partido dos Trabalhadores preocupa Governo, que enfrenta novos protestos nas ruas. Uma das principais figuras na rede de corrupção da Petrobras aceitou falar com as autoridades.

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Há novos protestos antigovernamentais agendados para o dia 16 e Dilma está cada vez mais frágil Ueslei Marcelino / Reuters

O antigo braço direito de Lula da Silva e antecessor de Dilma na pasta da Casa Civil foi detido na manhã de segunda-feira, a poucos dias do Congresso regressar da pausa de Inverno e de novas manifestações antigovernamentais agendadas para dia 16 de Agosto. Os últimos protestos levaram centenas de milhares às ruas das cidades brasileiras para exigirem a destituição de Dilma. Desde então, a reputação da Presidente só caiu. Na noite de segunda-feira, num churrasco de líderes partidários em Brasília, Dilma falou apenas sobre o pacote de medidas de austeridade que quer aprovar no Congresso.

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O antigo braço direito de Lula da Silva e antecessor de Dilma na pasta da Casa Civil foi detido na manhã de segunda-feira, a poucos dias do Congresso regressar da pausa de Inverno e de novas manifestações antigovernamentais agendadas para dia 16 de Agosto. Os últimos protestos levaram centenas de milhares às ruas das cidades brasileiras para exigirem a destituição de Dilma. Desde então, a reputação da Presidente só caiu. Na noite de segunda-feira, num churrasco de líderes partidários em Brasília, Dilma falou apenas sobre o pacote de medidas de austeridade que quer aprovar no Congresso.

Não houve referências directas a Dirceu, mas Dilma fez menções veladas aos próximos meses de turbulência. "Na crise política, as instituições devem ser preservadas. Devemos fazer nossa travessia sem medo. Eu não tenho medo. Eu aguento pressão, eu percebo o que está acontecendo, ouço para mudar e melhorar.”

Antes do final do encontro, escreve o El País, Dilma pediu aos ministros Jacques Wagner, da Defesa, e Gilberto Kassab, das Cidades, para falarem aos jornalistas em sua defesa. “[A detenção de Dirceu] é uma questão de investigação. Todos nós confiamos na ‘presidenta’ Dilma e em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa que [a investigação Lava-Jato] se aproxime dela e do seu Governo”, disse Kassab. Nesta terça-feira, o Folha de São Paulo avançava que havia planos para a criação de um gabinete de crise com membros do Planalto, figuras próximas a Lula da Silva e membros do PT.

O principal receio do PT tem um nome: Renato Duque. O ex-director de Serviços da Petrobras foi indicado por José Dirceu quando este era Presidente do Conselho da Administração da petrolífera, cargo que lhe era inerente por ser ministro da Casa Civil. Segundo os investigadores, Dirceu nomeou Duque com a intenção de se servir dele como o seu contacto no interior da empresa já depois de sair do primeiro Governo de Lula e de ser sucedido por Dilma Rousseff. Renato Duque está preso desde Março em Curitiba, mas só na semana passada é que aceitou falar com os procuradores. A sua missão, escreve O Globo nesta terça-feira, é entregar “nomes de pessoas com foro privilegiado”. Ou seja: membros do Congresso e do Governo.

Parece ser esse, aliás, o novo caminho da investigação. Depois da detenção de Dirceu, que estava a cumprir em prisão domiciliária a pena de sete anos e 11 meses do caso “mensalão”, os procuradores da Lava-Jato disseram que o ex-ministro fez o mesmo esquema na Petrobras. “A tese agora é que o 'petrolão' é uma continuação do 'mensalão', coordenado pelos Governos do PT”, disse um dirigente do partido ao Folha de São Paulo.

E Renato Duque pode não ser a única ameaça para o Governo. A comprovarem-se as teses dos procuradores da Lava-Jato, que dizem que Dirceu recebeu e transferiu subornos de empresas para facilitar negócios na Petrobras, dentro e fora do Governo, o ex-ministro deve perder o direito à prisão domiciliária em que se encontrava. Segundo o Folha de São Paulo, o Planalto admite que Dirceu, o seu irmão, igualmente detido na segunda-feira, e outros alvos da investigação que ainda não assinaram acordos de depoimento com as autoridades se vejam pressionados a fazê-lo agora. A “delação premiada”, o termo utilizado no Brasil, tem sido uma das principais instrumentos do caso Lava-Jato.

O ex-número dois de Lula nega essa possibilidade. A Folha atribui-lhe uma mensagem enviada para o interior do partido antes de ter sido detido – algo que já se antecipava há meses. “Delação não tem pé nem cabeça. Primeiro porque não tenho o que delatar. Segundo porque não tem nada a ver com a minha vida e trajectória.”