Audi, BMW e Mercedes compram mapas da Nokia

Consórcio de marcas alemãs paga 2800 milhões pela Here. Ideia é manter a plataforma autónoma e aberta a outras empresas.

Foto
Mapas de alta precisão são cruciais para os sistemas de condução autónoma Here

As marcas alemãs vão pagar cerca de 2800 milhões de euros pela Here, uma das três divisões que constituem a Nokia após a venda do negócio dos telemóveis. A empresa finlandesa está num processo de fusão com a Alcatel-Lucent e pretende continuar a focar-se nas infra-estruturas de telecomunicações, ao mesmo tempo que mantém um negócio mais pequeno de licenciamento de propriedade intelectual. “Com este passo, completamos a última fase da transformação da Nokia”, afirmou, em comunicado, o presidente executivo da empresa, Rajeev Suri.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As marcas alemãs vão pagar cerca de 2800 milhões de euros pela Here, uma das três divisões que constituem a Nokia após a venda do negócio dos telemóveis. A empresa finlandesa está num processo de fusão com a Alcatel-Lucent e pretende continuar a focar-se nas infra-estruturas de telecomunicações, ao mesmo tempo que mantém um negócio mais pequeno de licenciamento de propriedade intelectual. “Com este passo, completamos a última fase da transformação da Nokia”, afirmou, em comunicado, o presidente executivo da empresa, Rajeev Suri.

Já para as três marcas de automóveis, que terão posições iguais na Here, a tecnologia de mapas é um componente essencial no cenário que o sector tem vindo a desenhar: carros cada vez mais ligados à Internet, com mais serviços de geolocalização e que vão progressivamente adoptando funcionalidades de condução autónoma. Os novos donos dizem que não pretendem influenciar as operações dos mapas Here e que vão manter os serviços abertos a outras empresas.

A condução autónoma implica não apenas mapas de alta precisão, mas também o acesso a informação em tempo real sobre as estradas, o trânsito, as condições atmosféricas e os veículos circundantes. “Com base na informação bruta partilhada, todos os fabricantes de automóveis podem oferecer aos seus clientes serviços diferenciados e específicos de cada marca”, explica um comunicado conjunto das três fabricantes.

A Nokia anunciara em Abril que estava à procura de comprador para a divisão de mapas. Nos últimos meses, para além das marcas de automóveis, a Uber, cuja aplicação permite chamar um carro com motorista, foi dada como uma potencial compradora. Também a Baidu, que opera vários serviços online muito populares na China, afirmou publicamente ter interesse no negócio.

A Here emprega 6454 pessoas e teve no primeiro semestre 28 milhões de euros de lucro operacional. A aquisição está à espera de aprovação regulatória e as empresas antecipam que esteja concluída nos primeiros três meses do próximo ano.

Os mapas da Nokia concorrem com os do Google e também com os serviços da multinacional holandesa TomTom, que, depois de ter visto encolher o mercado de aparelhos de navegação, espera regressar à expansão com a eventual massificação dos carros que guiam sozinhos.

Comprar os mapas da Nokia permite às três marcas de automóveis terem mais controlo sobre este género de tecnologia, não estarem dependentes de terceiros e garante ainda que nem todos os serviços deste género estão nas mãos de empresas tecnológicas.

“Mapas digitais de alta precisão são um componente crucial da mobilidade do futuro. Com a aquisição conjunta da Here queremos assegurar a independência deste serviço central para todos os fabricantes de veículos, fornecedores e clientes de outras indústrias”, afirmou o presidente do conselho de administração da Daimler, Dieter Zetsche.

Os mapas estão a ser usados fora do sector automóvel. Por exemplo, fazem parte do sistema para telemóveis Windows Phone e começaram a ser usados pelo Facebook em Maio.

No mês passado, numa conferência de imprensa em Portimão, o presidente executivo da Audi, Rupert Stadler tinha já afirmado que não pretendia que toda a tecnologia digital dos automóveis fosse desenvolvida por outras empresas. “Não vamos deixar as oportunidades da digitalização para Silicon Valley. Acreditamos no nosso próprio poder de inovação”, disse.

O sector automóvel e o da tecnologia digital têm-se vindo a aproximar nos últimos anos. Muitas marcas de carros (entre as quais a BMW, a Mercedes e a Audi, que faz parte do grupo Volkswagen), estão a integrar em alguns modelos – ou têm planos para isso – as plataformas da Apple (o Apple Car) e do Google (o Android Car Play), que foram desenhadas para permitir uma melhor integração de telemóveis e serviços móveis nos veículos.

Por outro lado, o Google está há muito a desenvolver sistemas de carros autónomos, tanto aplicados a veículos já existentes, como ao seu próprio protótipo de automóvel. E, no final da semana passada, uma visita de executivos da Apple à sede da BMW reacendeu os rumores de uma possível parceria entre as duas companhias.