Uma praia no coração do Alto Minho e um mergulho para corajosos

Um manto verde reflectido na água cristalina. Uma praia que é muito mais do que um palco do festival Paredes de Coura. Eis o Taboão

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Paulo Pimenta

Se achas que a água das praias da Costa de Caparica é fria e que a água das praias do Norte como Caminha ou Vila Praia de Âncora é gelada é porque, muito provavelmente, nunca mergulhaste no rio Coura. Diz-nos a experiência que não deve haver água mais fria do que esta. É que até estalam os ossos. Mas também nos diz a experiência que não há coisa mais refrescante e relaxante do que esta. A sério. Afinal, onde é que hoje em dia podemos estender a toalha à sombra de um carvalho numa imensidão de verde a ouvir a água a correr e os pássaros a cantar, sem termos de partilhar os metros imediatamente à nossa volta com outras pessoas? São cada vez mais raros lugares assim. Felizmente, a Praia Fluvial do Taboão, em Paredes de Coura, é um desses lugares. A multidão que a procura nos dias do festival de música que ali se realiza em Agosto é o contraste absoluto de um dia normal por aqui.

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Se achas que a água das praias da Costa de Caparica é fria e que a água das praias do Norte como Caminha ou Vila Praia de Âncora é gelada é porque, muito provavelmente, nunca mergulhaste no rio Coura. Diz-nos a experiência que não deve haver água mais fria do que esta. É que até estalam os ossos. Mas também nos diz a experiência que não há coisa mais refrescante e relaxante do que esta. A sério. Afinal, onde é que hoje em dia podemos estender a toalha à sombra de um carvalho numa imensidão de verde a ouvir a água a correr e os pássaros a cantar, sem termos de partilhar os metros imediatamente à nossa volta com outras pessoas? São cada vez mais raros lugares assim. Felizmente, a Praia Fluvial do Taboão, em Paredes de Coura, é um desses lugares. A multidão que a procura nos dias do festival de música que ali se realiza em Agosto é o contraste absoluto de um dia normal por aqui.

Antes de continuar a escrever este prazer de Verão, uma declaração de interesses: cresci nestas margens e perdi a conta aos mergulhos. Chegava o calor e com isso começavam as fugidas para o Taboão. Os anos passaram e tudo se mantém igual. Um melhoramento aqui e ali, como a construção de balneários, mas a essência da praia fluvial mantém-se: água cristalina, árvores por todo o lado e uma infinidade de relva. Numa altura em que todos os segredos do nosso país se começam a revelar para os muitos turistas, nacionais e estrangeiros, aqui há mais espaço do que gente. E isso é bom.

Não há trânsito nem parques de estacionamento lotados. Não se ouvem gritarias nem é preciso perder muito tempo à procura de um lugar para se estender a toalha, é decidir se é ao sol ou à sombra e já está. O rio está sempre à vista, a brilhar e a reflectir na água um vasto manto verde. À volta, muito poucas casas e alguns campos agrícolas — não se espante até se ao longe vir umas vacas a pastar.

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Paulo Pimenta

“Isto é um sossego”, começa por dizer à Fugas Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura desde 2013. “Sempre foi um lugar mágico, quando era miúdo era um espaço impenetrável, tinha muitos arbustos e matos muito densos e para chegarmos ao rio tínhamos de fazer covas e buracos por baixo da vegetação, era uma aventura”, conta, lembrando que só percebeu realmente a dimensão do espaço quando este foi tornado praia fluvial há mais de 20 anos. “De um momento para o outro um espaço mágico deu origem a um espaço maravilhoso”, continua.

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Foi a partir daí, conta, que nasceu a ideia de fazer qualquer coisa ali. E assim, de forma muito resumida, nasceu aquele que é hoje um dos festivais mais importantes no panorama da música e que este Verão acontece de 19 a 22 de Agosto com nomes como Tame Impala, TV On The Radio ou The War On Drugs.

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“Eu sei que é um exagero mas muitas pessoas dizem que o sucesso do festival se deve muito ao espaço”, diz Vítor Paulo Pereira, um dos fundadores do festival Paredes de Coura. “Eu nem sei explicar mas a verdade é que aqui o ambiente é diferente e até os artistas sentem isso.” Lembramo-nos, por exemplo, de Erlend Øye, o músico dos Kings Of Convenience, que em 2011 não resistiu à paisagem e assim que chegou à praia fluvial pediu à organização uns calções de banho para que pudesse passar o dia no rio. Já no ano passado, o veterano do rock Seasick Steve decidiu passar o dia junto às margens com os milhares de festivaleiros, horas antes de subir ao palco principal. “Todos sentem a tentação de sair dos camarins para irem para o rio”, diz o autarca de 45 anos.

Para Vítor Paulo Pereira este é um espaço onde se respira também nostalgia. “É uma magia tão grande que muitas das pessoas que vêm ao festival acabam por voltar depois para ver como é que isto é sem o festival. Cria-se nostalgia a uma certa saudade de dias felizes que aqui se viveram.”

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