Artur Mas abre os 55 dias mais críticos do processo independentista catalão
O referendo plebiscitário de 27 de Setembro inaugura um combate entre soberanistas, autonomistas e federalistas.
Que está em jogo? Se a frente independentista Juntos pelo Sim — englobando a Convergência (CDC, de Mas), a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, de Oriol Junqueras) e a Candidatura de Unidade Popular (CUP) — obtiver a maioria absoluta, o futuro parlament poderá aprovar uma Declaração Unilateral de Independência (DUI) no prazo de 6 meses e completar o processo de secessão num prazo de 18. Para evitar que o Tribunal Constitucional declare inconstitucional a eleição-plebiscito, não é feita qualquer referência à independência — mas todos sabem que é isso que se joga.
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Que está em jogo? Se a frente independentista Juntos pelo Sim — englobando a Convergência (CDC, de Mas), a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, de Oriol Junqueras) e a Candidatura de Unidade Popular (CUP) — obtiver a maioria absoluta, o futuro parlament poderá aprovar uma Declaração Unilateral de Independência (DUI) no prazo de 6 meses e completar o processo de secessão num prazo de 18. Para evitar que o Tribunal Constitucional declare inconstitucional a eleição-plebiscito, não é feita qualquer referência à independência — mas todos sabem que é isso que se joga.
A aliança Juntos pelo Sim é encabeçada por um independente, Raul Romeva, e figuras das organizações de mobilização soberanista. Mas e Junqueras aparecem na lista em quarto e quinto lugares, de modo a dar a ideia de um movimento nacional e suprapartidário. Nada garante a sua vitória. Afirmam que lhes bastará a maioria absoluta no parlamento (68 deputados) para a aprovar a DUI e não a maioria dos eleitores.
Os três blocos
O espectro político catalão é hoje composto por três blocos. Frente aos independentistas, surgem o bloco dos partidários do statu quo da autonomia, com o Partido Popular e o Cidadãos, e uma “terceira via” que pretende a reoganização territorial da Espanha em moldes federais ou confederais — o Partido Socialista da Catalunha, a aliança Sim que se Pode (Podemos e Iniciativa pela Catalunha e Verdes) e a União Democrática da Catalunha (UDC), ex-parceira da Convergência.
Nas eleições municipais de Junho a aliança organizada pelo Podemos conquistou a Câmara de Barcelona, derrotando a CDC e a ERC, A sua campanha para o 27 de Setembro terá como eixo a ideia de “prurinacionalidade”, a corrupção e os temas sociais — tentando atrair nacionalistas de esquerda que “não antepõem a questão nacional à social”.
Nas sondagens, flutua a opinião dos catalães sobre a independência. O independentismo não é maioritário. A opção que reúne maior consenso seria a de uma solução federalista. A independência é encarada com pessimismo. Para 63% dos catalães “é algo com poucas ou nulas probabilidades de se tornar realidade” — perderam a esperança num acordo entre Madrid e Barcelona e temem “um choque”.
Isto não exclui que a coligação Juntos pelo Sim obtenha a maioria no parlamento. Depende da mobilização, muito mais intensa entre os soberanistas. Note-se que a campanha eleitoral começará num clima eléctrico: ao fim da tarde de 11 de Setembro, dia em que os soberanistas realizam em Barcelona a grande manifestação da Diada, comemorando a derrota catalã de 1714.
A noite de 27 de Setembro será dramática. Uma vitória eleitoral do Juntos pelo Sim e uma eventual DUI não significam a secessão. Seguir-se-á a tensa campanha das legislativas espanholas. “Entre Outubro e os primeiros dias de Dezembro, a Espanha estará em risco de viver um sério ‘acidente’ político”, escreve o analista Enric Juliana no La Vanguardia. Depois, a batalha será transposta para as Cortes de Madrid, cuja composição é hoje um enigma.