Futuro da TAP “tende a ser dos mais brilhantes", diz Fernando Pinto
Presidente de transportadora aérea defende que a TAP "sempre sofreu com falta de capital"
Em entrevista no relatório de gestão da TAP, Fernando Pinto afirma que "a TAP não vai continuar igual", concluído o processo de privatização, que está dependente da autorização dos reguladores, garantindo que "ela vai ser melhor".
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Em entrevista no relatório de gestão da TAP, Fernando Pinto afirma que "a TAP não vai continuar igual", concluído o processo de privatização, que está dependente da autorização dos reguladores, garantindo que "ela vai ser melhor".
"A TAP sempre sofreu com falta de capital, sentiu enormes dificuldades e conseguiram-se verdadeiros milagres ao longo de todo este tempo", disse o gestor, que assumiu a liderança da transportadora aérea nacional em 2000.
Quando chegou, para fazer a transição para a venda à Swissair, a companhia tinha "apenas três meses de sobrevivência", com restrições fortíssimas de tesouraria, que se mantiveram ao longo dos 15 anos seguintes, mas hoje, defende, a TAP é "uma outra empresa". "Definitivamente a TAP é hoje outra empresa. Não há comparação sob qualquer ponto de vista", sublinhou, referindo que "a empresa era um terço do que é hoje".
Na mesma entrevista, Fernando Pinto rejeitou as críticas dos que dizem que a empresa não cresceu, mas sim "inchou": "É uma empresa eficiente, consegue competir no mercado, tem as suas dificuldades, mas, se se tivesse mantido nos níveis de eficiência do passado, não teria sobrevivido".
Já sobre o seu futuro na TAP, o gestor reiterou que a sua missão é "levar [a empresa] até às mãos dos novos proprietários em boas condições", admitindo que depois possa "continuar ligado à empresa mais algum tempo".
"Por enquanto, sinto que continuo a ser útil na empresa, que é importante a minha presença, até na ligação com os adquirentes", acrescentou.
No dia 24 de junho, foi assinado o contrato de compra e venda de 61% do capital da TAP entre membros do Governo e responsáveis do consórcio Gateway -- os empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa -, vencedor da privatização da companhia aérea, que terá que receber luz verde de Bruxelas e da ANAC -- Autoridade Nacional da Aviação Civil.
Tarifa média caiu com aumento da concorrência low cost
A tarifa média da TAP caiu entre 8 e 10% em 2014, na sequência do aumento da concorrência low cost e da queda da procura sobretudo do mercado brasileiro, mas foram tomadas medidas logo no início de 2015.
Na entrevista, o presidente da TAP revelou ainda que logo no início de 2015 foram tomadas "algumas acções de contenção da oferta para, também por aí, procurar influenciar um pouco a tarifa".
Num balanço sobre a operação em 2014, marcada por irregularidades e greves, Fernando Pinto explicou que a queda da tarifa média teve muito a ver com a queda da procura do principal mercado internacional, o Brasil, referindo que "o brasileiro não saiu do país".
Em contrapartida, acrescentou, "houve um aumento da procura da Europa para o Brasil [palco do Mundial de Futebol], mas já com tarifa média mais baixa, porque o tipo de cliente que procura este tipo de eventos não é um cliente de negócios". "Houve também um grande aumento da concorrência, maior oferta, menor procura, preços muito baixos, tarifa média lá em baixo", argumentou.
No caso concreto de Lisboa, acrescentou, "também se verificou um aumento da concorrência low cost nas rotas europeias, que muito contribuiu para baixar a tarifa média". "Com a chegada a Lisboa de mais uma empresa para competir no principal hub da TAP, a nossa frente de batalha alargou-se e tivemos de praticar tarifas muito mais baixas", declarou.
O grupo TAP fechou 2014 com prejuízos de 85,1 milhões de euros, valor que representa um agravamento de 79,2 milhões de euros face aos 5,9 milhões de euros registados em 2013, resultado da prestação do transporte aéreo.
Já a TAP -- Manutenção e Engenharia Brasil registou um prejuízo de 22,6 milhões de euros, uma melhoria em 17,7 milhões de euros face ao ano anterior (45%), naquele que é o quarto ano de um plano de reestruturação da empresa que historicamente é a responsável pelos prejuízos do grupo.
Em 2014, o resultado líquido reflectiu a actividade do transporte aéreo (TAP SA), que, como foi divulgado, passou de um lucro de 34 milhões de euros para prejuízos de 46,4 milhões de euros, explicado pela entrada tardia em operação dos seis novos aviões, pelos 22 dias de greve (anunciadas ou efectuadas e outras ocorrências operacionais, nomeadamente problemas técnicos.