Costa só quer debates a quatro, e Passos prefere apenas um embate com Costa
PS defende que a lei só fala em candidaturas e não em partidos. Dos três frente-a-frente entre Costa e Passos propostos pelas TV, o PSD contrapõe com um debate a dois mais longo.
A reunião desta terça-feira de manhã - a segunda - entre as três televisões e os partidos com assento parlamentar foi inconclusiva e voltam todos à mesa das negociações na próxima sexta-feira. Os partidos têm que, até lá, dirimir a questão da interpretação da lei, e é bem possível que as televisões apareçam com uma proposta mais reduzida do que a quantidade (inédita) de debates que no início se propuseram fazer.
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A reunião desta terça-feira de manhã - a segunda - entre as três televisões e os partidos com assento parlamentar foi inconclusiva e voltam todos à mesa das negociações na próxima sexta-feira. Os partidos têm que, até lá, dirimir a questão da interpretação da lei, e é bem possível que as televisões apareçam com uma proposta mais reduzida do que a quantidade (inédita) de debates que no início se propuseram fazer.
Entretanto, já há acordo entre os partidos e as rádios Antena 1, Renascença e TSF para um debate entre Costa e Passos no início de Setembro. Serão cerca de duas horas de emissão, com o frente-a-frente a ser moderado, sucessivamente, por cada uma das rádios, que abordarão, cada uma, assuntos diferentes. Ou seja, um formato idêntico ao que fora apresentado pelas televisões, mas concentrado num só dia.
No caso da televisão, o PS aceitou a proposta da RTP, SIC e TVI de fazerem, cada uma delas, um debate entre Costa e Passos com cerca de 50 minutos e com temas diferentes em cada programa. Mas o PSD não e contrapôs com a ideia de se fazer um debate a dois mais longo, com hora e meia, que fosse concebido e emitido em simultâneo pelas três televisões. Em vez dos três frente-a-frente, Costa e Passos ficariam reduzidos a apenas um.
A esta divergência soma-se outra, que se deve à interpretação que os socialistas fazem da nova lei sobre a cobertura da campanha eleitoral, promulgada na passada semana pelo Presidente da República. O diploma, apresentado e aprovado pela maioria – com a abstenção do PS - fala genericamente em “candidaturas concorrentes [às eleições]” e não em “partidos”. Só as candidaturas com representação parlamentar têm que ser incluídas nos debates.
O PS entende que a coligação Portugal À Frente (PSD/CDS-PP) deve fazer-se representar, tanto no debate com todos como nos frente-a-frente, por apenas um elemento – que à partida seria Pedro Passos Coelho, presidente do PSD -, assim como a CDU (PCP/PEV) – que será Jerónimo de Sousa, o líder comunista. Os socialistas argumentam que se trata de uma coligação em que os dois partidos subscrevem um único programa pelo que não faz sentido a direita ter o dobro da representação em defesa do mesmo projecto de Governo.
Esta foi, aliás, a mesma justificação que o PS deu aos centristas, que argumentaram na reunião que é preciso avaliar separadamente o trabalho do PSD e do CDS-PP no Governo.
PSD e CDS reclamam participação dupla
Mas à direita o entendimento é outro e PSD e CDS insistem na presença de ambos nos frente-a-frente. A ser assim, Heloísa Apolónia, dos Verdes, já fez saber que a CDU se deve também desdobrar em dois representantes. Foi, aliás, isso que aconteceu nas reuniões: se na primeira, na passada semana, só marcou presença o PCP, hoje já esteve um elemento do PEV. O Bloco de Esquerda afirmou na reunião entender os argumentos socialistas.
Os partidos, em especial a direita e o PS têm agora que se entender até sexta-feira, dia em que se realiza nova reunião, que se espera seja derradeira. As televisões também ficaram de redesenhar a sua proposta.
A questão da representatividade da coligação da direita coloca-se no debate com todas as candidaturas com assento parlamentar produzido e transmitido pelas três televisões em simultâneo e também nos frente-a-frente. Sem contar com o(s) frente-a-frente entre António Costa e Pedro Passos Coelho, se forem apenas quatro representantes, terão que fazer cinco debates a dois.
Mas se o CDS-PP e o PEV entrarem na equação levanta-se, em primeiro lugar, uma questão: Portas vai debater contra Passos e Heloísa vai bater-se contra Jerónimo? Ainda que isso, com grande probabilidade, não venha a acontecer, o número de debates a dois aumenta de seis para um total de quinze. No CDS-PP não há grandes explicações nem respostas para estas perguntas, e o partido realça apenas que respeita o critério proposto pelas televisões. E estas, de facto, tinham deixado a questão de ser a quatro (candidaturas) ou a seis (partidos) em aberto na sua proposta inicial.
Com os partidos a levantarem tantos problemas à proposta maximalista das televisões - três frente-a-frente Costa/Passos, um debate com todos e uma lista de debates a dois -, é possível que na sexta-feira as negociações acabem com um cenário minimalista de um debate com todos, deixando cair os três debates entre Costa e Passos e até mesmo os restantes debates a dois.
Nas eleições legislativas de 2011, José Sócrates e Pedro Passos Coelho só se encontraram uma vez nos debates: foi o último frente-a-frente entre partidos, a 20 de Maio, na RTP1, e foi seguido por 1,584 milhões de espectadores.