É o Milhões de Festa 2015, "é o mundo inteiro em Barcelos"

Começa esta quinta-feira e prolonga-se até domingo. Michael Rother, THEESatisfaction ou Deerhoof são alguns dos destaques. "A ideia é juntar bandas da periferia do mundo globalizado, mas que estão a contribuir para o que é a contemporaneidade”, diz Joaquim Durães, um dos organizadores.

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No Milhões de Festa encontramos realmente um mundo inteiro: nesta edição ouviremos o alemão Michael Rother, histórico nome do krautrock alemão, co-fundador dos Neu! e dos Harmonia (entrevista na próxima edição do Ípsilon), lado a lado com os colombianos Meridian Brothers, com os tailandeses The Paradise Bangkok Molam International, com os portugueses Cave Story, com o egípcio Islam Chipsy.

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No Milhões de Festa encontramos realmente um mundo inteiro: nesta edição ouviremos o alemão Michael Rother, histórico nome do krautrock alemão, co-fundador dos Neu! e dos Harmonia (entrevista na próxima edição do Ípsilon), lado a lado com os colombianos Meridian Brothers, com os tailandeses The Paradise Bangkok Molam International, com os portugueses Cave Story, com o egípcio Islam Chipsy.

No Milhões, esse mundo melómano é vivido num outro mundo chamado Barcelos, cidade que fomos descobrindo edição após edição, saltando para a água da piscina municipal, que acolhe os concertos da tarde, investigando as ruas e restaurantes do centro histórico, vendo as actuações no parque fluvial, centro da acção nocturna do festival, ou atravessando uma das pontes sobre o rio para chegar ao supracitado Xispes, bar em Barcelinhos com longa história e vista privilegiada para o Cávado, onde se podem apreciar aqueles que são, muito provavelmente, os maiores panados que a humanidade alguma vez viu.

No Milhões de Festa vê-se o mundo em forma de música, e apreciamo-lo a uma escala local, humana, perfeitamente integrada na cidade que a acolhe. Mas não nos confundamos. “Não somos, nem seremos um festival de músicas do mundo”, explica Joaquim Durães. “O que pretendemos é questionar o que é a música contemporânea e a música rock, que chega hoje de todas as partes do mundo e de lugares que antes achávamos impensáveis fora do circuito das músicas do mundo. A ideia é juntar bandas da periferia do mundo globalizado, mas que estão a contribuir para o que é a contemporaneidade”.

O festival tem início esta quinta-feira, dia de preparação para a acção dos seguintes, circunscrito ao Palco Taina, num dos parques da cidade, sobranceiro ao rio Cávado, e aqui sempre com entrada gratuita. A partir das 18h, tocarão nomes como os Cave Story (21h20), excitante promessa já certeza do rock’n’roll nacional, ou os Riding Pânico (23h10), que são como que banda residente, totalista das edições do festival que teve início em 2007, em Braga, e que se transferiu permanentemente para Barcelos em 2010.

Sexta-feira, destaca-se o regresso dos americanos Deerhoof (1h30), mestres de um rock deliciosamente surreal, ou as THEESatisfaction (23h40)  que chegam a Barcelos depois de actuarem esta quinta-feira na ZDB, em Lisboa. Curiosidade também para dançar a energia juvenil do rock’n’roll dos Tijuana Panthers (20h50) ou para, com os escoceses Cosmic Dead (22h40; tocam no Sabotage, em Lisboa, no dia seguinte), antecipar um dos concertos mais aguardados do festival, o que Michael Rother dará no sábado (23h20; desce a Lisboa, à ZDB, dia 27).

Joaquim Durães refere, a propósito, a curiosidade em ver como resultará a genealogia do kraut-rock que surge plasmada no cartaz. “Começa no Michael Rother, passa pelos Anthroprophh do Paul Allen [de uma geração seguinte à dos fundadores; sábado, 20h50)] e desagua nos Cosmic Dead. Será interessante ver de que forma essa história nascida num contexto muito local [a Alemanha da década de 1970] partiu para fora e se propagou”.

Ao longo de quatro dias, ouvir-se-á a nova Colômbia dos Meridian Brothers (domingo, 2h30; concerto no Musicbox, em Lisboa, dia 27) e os novos ritmos electrónicos, baptizado electro-shaabi, que Islam Chipsy ajudou a criar no Cairo (sábado, 2h30). Sem cabeças-de-cartaz óbvio, porque a hierarquia é aqui uma questão relativa, veremos nomes de culto como o inglês The Bug, agitador da electrónica subterrânea desde há quase duas décadas (domingo, 1h30), os garage-rockers italianos Go!Zilla (sábado, 19h), ou a electrónica psicadélica dos Peaking Lights (sábado, 0h40) e o melting pot, assente na ideia de groove, dos All We Are (sexta, 21h40), que podem ser uma das revelações em que o Milhões de Festa é pródigo – foi em Barcelos, por exemplo, que se estrearam em Portugal, em edições anteriores, os Alt-J ou Jacco Gardner.

Além de todos eles, e como habitualmente, veremos em palco várias bandas nas quais se sustenta a actualidade do panorama nacional: Medeiros/Lucas (domingo, 20h), TOCHAPESTANA (sexta, 17h), HHY & The Macumbas (sexta, 0h30), Éme (sábado, 17h45) ou dreamweapon (domingo, 22h30).

A edição 2015 do Milhões chega no momento em que a Lovers & Lollipops comemora uma década de vida. A editora e promotora, que organiza o festival com o apoio da Câmara Municipal de Barcelos, fundou-se como estrutura “do it yourself” muito empenhada. Ao longo dos anos, cresceu e transformou-se num epicentro de actividade independente no cenário musical português, enquanto, ao mesmo tempo, construía pontes com estruturas  europeias semelhantes.

“O Milhões é a nossa face mais visível”, destaca Joaquim Durães. “Foi criado em 2007 com o espírito de reunir todos que estavam connosco na altura, e acaba por ser uma montra do que a Lovers quer pôr neste cantinho e também além-fronteiras. Nesse aspecto, é indispensável para nós tê-lo. Permite-nos fazer o ponto da situação, quer a nível artístico, quer na relação com a nossa audiência, e medir o que as pessoas querem e como as podemos desafiar. É o nosso maior laboratório”, conclui.

O Milhões tem início esta quinta-feira, e prolonga-se até domingo. Hoje, a entrada é gratuita. Os bilhetes diários custam 30 euros. Os passes para os três dias, 69,99 euros.