“Grande parte dos imóveis dos bancos já foi devolvida ao mercado”
Presidente da APEMIP garante que investimento estrangeiro está a ajudar à recuperação do mercado imobiliário
Apesar dos sinais de recuperação, Luís Lima considera que continua a ser necessário alguma cautela por parte dos agentes do sector. “A memória não pode nem deve ser curta, e há situações inesperadas que podem surgir e ter influência no mercado, como por exemplo, a recente situação da suspensão de emissão de vistos gold por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por falta de regulamentação da nova lei [entretanto aprovada na última quinta-feira em Conselho de Ministros, mas ainda a aguardar promulgação pelo Presidente da República]", afirma.
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Apesar dos sinais de recuperação, Luís Lima considera que continua a ser necessário alguma cautela por parte dos agentes do sector. “A memória não pode nem deve ser curta, e há situações inesperadas que podem surgir e ter influência no mercado, como por exemplo, a recente situação da suspensão de emissão de vistos gold por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por falta de regulamentação da nova lei [entretanto aprovada na última quinta-feira em Conselho de Ministros, mas ainda a aguardar promulgação pelo Presidente da República]", afirma.
Em declarações ao PÚBLICO, o líder associativo considera que, na base da recuperação do mercado estão vários factores, entre os quais a maior concessão de crédito por parte dos bancos e spreads (margem comercial dos bancos) mais baixos. “Não creio que se encontrem nos dias de hoje as mesmas facilidades que encontrávamos há 10 anos - isso seria, aliás, contraproducente, tendo em conta a crise pela qual o sector passou recentemente - mas as condições estão a melhorar para as famílias que apresentam os requisitos considerados necessários para que lhes seja atribuído crédito à habitação”.
E a melhoria das condições de crédito já não se aplica apenas à compra de imóveis da banca, cujo stock está a diminuir. Luís Lima garante que não tem números sobre as casas que ainda pesam no balanço das instituições financeiras, recebidas na sequência da falta de pagamento dos empréstimos e que ultrapassavam as 300 mil em 2012, mas garante que “grande parte do stock de imóveis do sector financeiro já foi devolvida ao mercado”, referindo que, no que diz respeito ao mercado habitacional, tem havido um decréscimo nos últimos quatro anos, na ordem dos 20%.
“As casas que a banca agora possui, estão em zonas periféricas, que não têm procura e que estão vazias, quando poderiam ser colocadas no mercado de arrendamento a preços acessíveis. Esta seria uma alternativa que evitaria a sua degradação e a criação de “ghettos”, e que permitiriam algum rendimento à banca”.
Segundo o presidente da APEMIP, o que continua a pesar no balanço da banca “são lojas, escritórios e terrenos, e destes, grande parte estão em zonas consideradas urbanas que provavelmente deveriam ser desclassificadas”.
Para a recuperação do mercado também está a contribuir o crescimento do investimento estrangeiro, que “continua em alta, especialmente por parte de mercados europeus como o francês ou o britânico”. Em 2014, o investimento estrangeiro representou 22% do total das transacções efectuadas e destes, cerca de 7% estão associados ao programa de Autorização de Residência para Investimentos (ARI), mais conhecido por vistos gold. Esta componente representa mesmo a fatia mais elevada em valor realizado, uma vez que o investimento mínimo é de 500 mil euros.
Sobre a suspensão dos vistos gold, Luís Lima admite que depois de retomada a emissão será possível retomar os números normais, que oscilavam entre os 80 e os 100 vistos atribuídos mensalmente. “Agora, se esta questão da suspensão não for resolvida com celeridade, estou certo de que haverá muitos investidores a procurar alternativas a Portugal, como por exemplo a vizinha Espanha ou a Itália, que neste momento têm um programa de captação deste investimento mais tentador, célere e desburocratizado”, defende.
Garante que “a nossa vantagem em relação àqueles países reside no facto de existir um efectivo potencial de valorização dos imóveis em Portugal”. Mas salvaguarda que, “se não formos capazes de transmitir ao mercado uma imagem de transparência e confiança, perderemos certamente grande parte desse tipo de investimentos para os nossos concorrentes”.