O que é ser jovem no Médio Oriente? Riad Sattouf fez uma BD

"O árabe do futuro - Ser jovem no Médio Oriente" valeu este ano a Riad Sattouf o prémio de melhor álbum de banda desenhada do Festival de Angoulême, em França

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"O árabe do futuro - Ser jovem no Médio Oriente", a premiada banda desenhada autobiográfica de Riad Sattouf, autor francês de ascendência síria, é publicada este mês em Portugal, pela Teorema. Este é o primeiro livro de uma trilogia biográfica sobre a infância e juventude de Riad Sattouf, autor de banda desenhada e realizador, de 37 anos, filho de pai sírio e de mãe francesa.

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"O árabe do futuro - Ser jovem no Médio Oriente", a premiada banda desenhada autobiográfica de Riad Sattouf, autor francês de ascendência síria, é publicada este mês em Portugal, pela Teorema. Este é o primeiro livro de uma trilogia biográfica sobre a infância e juventude de Riad Sattouf, autor de banda desenhada e realizador, de 37 anos, filho de pai sírio e de mãe francesa.

Enquanto sai em Portugal este primeiro volume, em França acaba de ser publicado o segundo. Através da história pessoal, o autor traça, com humor e ironia, um retrato social e político dos países onde viveu, em particular os do Médio Oriente: a Líbia do tempo de Muamar Kadafi e a Síria presidida em tempos por Hafez Al-Assad, pai do actual presidente, Bashar Al-Assad.

Num registo que faz lembrar, por exemplo, "Persépolis", de Marjane Satrapi, Riad Sattouf relata no livro os primeiros anos da infância - até aos seis anos - e centra-se sobretudo na figura do pai, sírio de origem sunita, que estudou em Paris, para fugir ao serviço militar.

"O meu pai era a favor do Pan-Arabismo. Era obcecado com a questão da educação dos Árabes. Pensava que o homem árabe devia estudar e educar-se para sair do obscurantismo religioso", escreve Riad Sattouf nas primeiras páginas desenhadas. No decurso da narrativa, o autor vai desvendando o pensamento do pai, faz um enquadramento histórico da Síria, ao mesmo tempo que descreve o choque cultural e social da mudança de hábitos e rotinas do quotidiano, de França para aqueles países.

Questionado sobre o que pensa sobre Kadafi e Al-Assad, Riad Sattouf põe o pai a responder: "Claro que são ditadores! Não sou idiota! Mas os árabes são diferentes... Tem de se ser duro com eles. É preciso obrigá-los a educarem-se, a ir à escola. Se lhes pedes a opinião, não fazem nada, são uns preguiçosos e uns intolerantes, apesar de terem o mesmo potencial de toda a gente...".

"O árabe do futuro - Ser jovem no Médio Oriente" valeu este ano a Riad Sattouf o prémio de melhor álbum de banda desenhada do Festival de Angoulême, em França. Autor, actor e realizador de cinema - é dele a comédia "Uns belos rapazes" (2009) -, Riad Sattouf assinou ainda, durante dez anos, entre 2004 e 2014, uma tira de banda desenhada semanal no jornal francês Charlie Hebdo, intitulada "La vie secrète des jeunes".