Festival Super Bock Super Rock regressa a Lisboa com Sting, Blur e Florence & The Machine
Depois de 20 anos errantes, com os últimos cinco de campo e praia no Meco, o Super Bock Super Rock regressa esta quinta-feira a Lisboa, assumindo uma vocação urbana com um cartaz onde estão Sting, Blur, Florence & The Machine, Savages ou Benjamin Clementine.
Depois, ao longo dos anos, foi conhecendo várias localizações e modelos. Desde 2010 era no Meco. Parecia ter ganho aí casa definitiva, apesar das críticas por causa do trânsito ou do pó, e eis que este ano volta a mudar, passando para o Parque das Nações, não muito longe do Parque Tejo, onde decorreu quatro vezes.
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Depois, ao longo dos anos, foi conhecendo várias localizações e modelos. Desde 2010 era no Meco. Parecia ter ganho aí casa definitiva, apesar das críticas por causa do trânsito ou do pó, e eis que este ano volta a mudar, passando para o Parque das Nações, não muito longe do Parque Tejo, onde decorreu quatro vezes.
Será aí que, entre esta quinta e sábado, se poderá ver e ouvir Sting, Blur, Florence & The Machine ou Benjamin Clementine.
O espaço
“O festival é conhecido, precisamente, por ser camaleónico e ter conhecido vários formatos”, justifica Jwana Godinho, da entidade organizadora, a Música no Coração, argumentando que essa capacidade adaptativa faz parte da própria essência do evento.
Talvez. Mas é difícil não pensar que a nova localização constitui também uma reacção às críticas regulares de que era alvo a Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, e, por outro lado, uma adaptação ao modelo de festivais urbanos (Rock In Rio, NOS Alive, NOS Primavera Sound) que tem vingado nos últimos anos em Portugal, numa lógica que a Música no Coração conhece bem, através da realização do Vodafone Mexefest. Mas no Inverno.
Jwana Godinho refere que existiu sensibilidade em relação às críticas que eram dirigidas ao espaço do Meco, mas essencialmente uma vontade transformadora, no sentido de dotar o novo espaço de conforto e acessibilidade de transportes.
“Podíamos, inclusive, ter procurado um outro lugar campestre, mas não são necessariamente essas as características deste festival e foi a pensar nisso que procurámos um lugar perto do Tejo, com transportes e que permitisse a circulação entre espaços. Por outro lado há uma nova realidade dos festivais, mais urbana e cosmopolita, que o Super Rock ainda não tinha abraçado e que nos pareceu fazer todo o sentido.”
Esta edição tem quatro palcos – dois interiores (Meo Arena e Sala Tejo) e dois exteriores (junto ao Meo Arena e ao Pavilhão de Portugal) – numa área com 75 mil metros quadrados vedada, que deverá receber 20 mil espectadores por dia.
Na concepção do cartaz, diz Jwana Godinho, pensou-se num público que gosta de música, seja para desfrutar de concertos “com nomes cimentados, que toda a gente conhece”, como de “descobertas mais recentes, ou seja, nomes emergentes”. Apesar de ainda haver bilhetes, o dia de sábado está quase esgotado.
Os consagrados
Para esta quinta o destaque é Sting que, como tem acontecido nas vezes em que já tocou em Portugal, deverá proporcionar um concerto onde se misturarão os êxitos a solo e do seu ex-grupo, os Police, numa simbiose de baladas e de canções mais dinâmicas. Pelo meio não deverá ser esquecido The Last Ship (2013), o seu mais recente trabalho, inspirado nas memórias da comunidade da construção naval de Wallsend, no leste de Inglaterra, onde nasceu.
No mesmo dia atenções também viradas para o sempre polémico Noel Gallagher, o inglês que marcou o panorama pop-rock dos anos 1990 com os Oasis. Em 2011 acabou por formar os High Flying Birds, que lançaram este ano o álbum Chasing Yesterday, devendo ser esse disco o centro da sua actuação, sem ser esquecido, claro, o seu vasto repertório.
Sexta entram em acção os Blur que, este ano, lançaram novo álbum de originais, The Magic Whip, recebido com alguma surpresa, pelo facto de não ser comum um grupo regressar tantos anos depois aos discos e fazê-lo com a qualidade patenteada.
Há dois anos, no festival NOS Primavera Sound do Porto, transformaram o seu concerto num momento de êxtase geracional para quem cresceu a ouvi-los nos anos 1990. É natural que desta feita, pelo facto de terem novo álbum, seja diferente, mas certamente que não faltarão êxitos e um Damon Albarn carismático quanto baste. A semana passada foi notícia por ter sido arrastado para fora do palco no Festival Roskilde, por querer prolongar o concerto do projecto Africa Express que já ia em três horas, mas se acontecer algo de semelhante em Lisboa, Jwana Godinho garante, entre risos, que “ninguém o expulsará”.
O cartaz tem muitos nomes portugueses mas os únicos que actuarão no Meo Arena, sexta, serão Sérgio Godinho & Jorge Palma, que irão cruzar experiências, imaginários e carreiras de quatro décadas, na forma de canções que toda a gente conhece.
Já no sábado, a sumptuosidade das canções da inglesa Florence + The Machine estarão em evidência. Quem já a viu ao vivo sabe do que é capaz, impondo uma pop celestial, através de uma voz aguda e de uma presença em palco eléctrica, que teve desenvolvimentos no recente How Big, How Blue, How Beautiful.
Quem também lançou álbum há pouco foram os escoceses Franz Ferdinand na companhia dos Sparks, através da designação FFS, uma junção que, à partida, dir-se-ia improvável, mas que veio a demonstrar-se fecunda, com a erudição pop dos segundos a revelar-se certeira no acasalamento com o pós-punk de balanço físico dos primeiros. Em conjunto, estarão no Meo Arena, no sábado.
Os emergentes
A maior parte dos nomes conhecidos, mas ainda com uma curta carreira, actuará no palco EDP, situado debaixo da pala do Pavilhão de Portugal. Será aí que evoluirá, esta quinta, o londrino Aaron Jerome, ou seja SBTRKT, que o ano passado lançou o segundo álbum Wonder Where We Land, mais um exemplo de música pop urbana dançante, ou o americano Perfume Genius, que em 2014, com Too Bright, nos confrontava com um universo sonoro e lírico tão sombrio quanto exuberante, afirmando-se como um dos autores mais estimulantes da actualidade.
O mesmo se poderia dizer do inglês Benjamin Clementine, que actua sexta, uma das grandes revelações do corrente ano, com o álbum At Least For Now. Mas é ao vivo que impressiona ainda mais pela presença magnetizante, pelo lirismo vocal grandioso e pela música híbrida, com qualquer coisa de jazz, clássica ou gospel. Vimo-lo há algumas semanas em Brighton, só, com o seu piano, mas em Lisboa apresentar-se-á com mais três músicos.
No mesmo dia vale a pena estar atento às inglesas Savages, já bem conhecidas do público português, graças ao álbum Silence Yourself (2013), e a concertos onde a sua música pós-punk física se coaduna com uma presença em palco vibrante. Do inglês Kindness e do seu colectivo espera-se que sejam capazes de criar o ambiente de festa que conquistou quem os viu em Dezembro, no Mexefest, com doses reforçadas de funk e pop.
No sábado, os americanos Unknown Mortal Orchestra, tentarão provar porque é que são uma das novas bandas mais incensadas do campo do rock menos formatado. Com três álbuns exploram o psicadelismo dos anos 1960, mas fazem-no de forma singular, acrescentando novos elementos sonoros a cada uma das canções.
No mesmo dia, mas no Meo arena, estará o brasileiro Rodrigo Amarante, presença regular no último ano em Portugal, mas que é sempre bem-vindo para mostrar as canções de um dos melhores álbuns do ano passado (Cavalo), misto de poesia pop contemporânea e balanço melancólico abrasileirado de sempre.
Os ingleses The Vaccines e Crystal Fighters, os belgas dEUS, os americanos The Drums, os suecos Little Dragon, os luso-brasileiros Banda do Mar ou a portuguesa Márcia são outros nomes a reter.
Para variações mais dançantes, o palco onde tudo acontece situa-se na Sala Tejo. Será aí que evoluirão Toro Y Moi, Xinobi, Mirror People, Criolo ou Throes + Shine, enquanto o palco Antena 3 tratará de mostrar uma selecção de portugueses como os Gala Drop, PZ, Best Youth, White Haus, Da Chick, We Trust ou D’ Alva.
No Parque do Tejo está tudo a postos. “Será um pouco como voltar à Expo-98”, augura Jwana Godinho, “com concertos, zonas para estar e comer e pessoas a deambular de espaço em espaço”.