Meryl Streep abre um Locarno cheio de curtas portuguesas
Festival suíço decorre de 5 a 15 de Agosto com 14 estreias mundiais a concurso e homenagens a Michael Cimino e Sam Peckinpah. Cinco curtas de produção nacional estão no programa a par de duas longas em co-produção.
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Trata-se, como é habitual, de uma abertura “grande público” para um certame que se tornou ao longo dos anos ponto de partida importante para a revelação de novos autores. A decorrer até 15 de Agosto, a 68ª edição do festival dedica a sua retrospectiva ao iconoclasta Sam Peckinpah, um dos pioneiros da “nova Hollywood”, autor de A Quadrilha Selvagem ou Cães de Palha, e homenageia um dos “nomes malditos” dessa época, Michael Cimino, realizador de O Caçador e As Portas do Céu.
O concurso principal, num total de 18 filmes, inclui 14 estreias mundiais, de autores veteranos como Andrzej Zulawski, Chantal Akerman e Hong Sang-soo, e de jovens realizadores. Outros homenageados vão do actor Edward Norton e do realizador Marco Bellocchio à actriz Bulle Ogier e ao cineasta georgiano Marlen Khutsiev (alvo de retrospectiva no Lisbon & Estoril Film Festival de 2014).
Portugal, que teve o ano passado Pedro Costa no concurso principal com Cavalo Dinheiro (que venceu o prémio de realização), está representado este ano no concurso de curtas-metragens Pardi di Domani com Maria do Mar de João Rosas, vencedor do Curtas Vila do Conde 2015, e o documentário O Que Resta, filmado em Portugal pela polaca Jola Wieczorek. Os três filmes do programa de produção 2015 do Curtas – Noite sem Distância de Lois Patiño, A Glória de Fazer Cinema em Portugal de Manuel Mozos, e Undisclosed Recipients de Sandro Aguilar – irão ser exibidos fora de competição.
Duas outras co-produções portuguesas estarão nas principais secções competitivas: no Concorso Internazionale Cosmos, adaptação de Witold Gombrowicz rodada em Portugal pelo polaco Andrzej Zulawski, produzida por Paulo Branco através da sua companhia francesa Alfama Films; e na competição Cineasti del Presente (primeiros e segundos filmes) Olmo & the Seagull, obra mista de documentário e ficção dirigida pela brasileira Petra Costa e pela dinamarquesa Lea Glob, co-produzida pela O Som e a Fúria de Luís Urbano e Sandro Aguilar.
Entre os 18 filmes da competição principal, dois são primeiros filmes – James White do americano Josh Mond e Paradise do iraniano Sina Ataeian Dena. Da Grécia, Athina Rachel Tsangari apresenta o verdadeiro sucessor do aclamado Attenberg,Chevalier; da Itália, Pietro Marcello, cujo La Bocca del Lupo passou no IndieLisboa, mostra Bella e Perduta. Falámos há pouco de Vila do Conde, e dois cineastas habituais no Curtas surgem também no concurso internacional: o espanhol Sérgio Oksman, cujo A Story for the Modlins venceu o festival nortenho em 2012, mostra a sua primeira longa O Futebol, e o artista multimedia Ben Rivers, um dos homenageados 2015, traz a sua longa The Sky Trembles and the Earth Is Afraid and the Two Eyes Are Not Brothers. Igualmente esperados serão os novos títulos de dois dos nomes mais importantes do cinema de autor mundial: a belga Chantal Akerman com No Home Movie, documentário sobre a mãe da cineasta; e a nova ficção do prolífico coreano Hong Sang-soo, Right Now, Wrong Then.
As sessões diárias ao ar livre na Piazza Grande contarão com um sem número de ante-estreias de peso. Entre elas estão Descarrilada, a mais recente comédia de Judd Apatow com Amy Schumer; Southpaw, de Antoine Fuqua, com Jake Gyllenhaal irreconhecível no papel de um pugilista; Amnesia, do veterano Barbet Schroeder, com Marthe Keller como uma exilada alemã na Espanha dos anos 1970; e um dos êxitos do festival de Sundance, Eu e o Earl e a Tal Miúda, de Alfonso Gomez-Rejon.
O júri do concurso internacional é composto pela actriz Moon So-ri, pela programadora Daniela Michel, pelo actor Udo Kier e pelos realizadores Jerry Schatzberg e Nadav Lapid, enquanto a competição Cineasti del Presente tem à cabeça do júri o realizador brasileiro Júlio Bressane.