Paulo Cunha e Silva quer recolocar A Anja junto aos Clérigos

Vereador da Cultura da Câmara do Porto anunciou que um conjunto de peças de arte pública será reabilitado e devolvido à cidade.

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A Anja foi roubada a 20 de Dezembro de 2006 e vendida a um sucateiro de Campanhã por 118 euros, apesar de a peça, propriedade da Câmara do Porto, estar avaliada em 200 mil euros. Quando a Polícia Judiciária encontrou o rasto da obra de arte, ela já tinha sido cortada aos pedaços, para ser vendida a uma empresa de fundição, em Paredes, por 796 euros. Na manhã desta terça-feira, durante a reunião do executivo, Paulo Cunha e Silva afirmou que esta é uma das obras que a autarquia quer recuperar e devolver ao espaço público. “A Anja foi roubada, retirada da Praça de Lisboa, e vamos recolocá-la, eventualmente, no jardim que lá existe agora”, disse o vereador aos jornalistas, após a reunião.

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A Anja foi roubada a 20 de Dezembro de 2006 e vendida a um sucateiro de Campanhã por 118 euros, apesar de a peça, propriedade da Câmara do Porto, estar avaliada em 200 mil euros. Quando a Polícia Judiciária encontrou o rasto da obra de arte, ela já tinha sido cortada aos pedaços, para ser vendida a uma empresa de fundição, em Paredes, por 796 euros. Na manhã desta terça-feira, durante a reunião do executivo, Paulo Cunha e Silva afirmou que esta é uma das obras que a autarquia quer recuperar e devolver ao espaço público. “A Anja foi roubada, retirada da Praça de Lisboa, e vamos recolocá-la, eventualmente, no jardim que lá existe agora”, disse o vereador aos jornalistas, após a reunião.

Paulo Cunha e Silva referiu que a questão já foi discutida com o escultor, mas que falta ainda negociar com os gestores da nova Praça de Lisboa – que agora inclui a área comercial do Passeio dos Clérigos e o Jardim das Oliveiras –, bem como com o arquitecto do novo espaço, Pedro Balonas, em que condições e em que local exacto é que a obra regressará aos olhares de quem passa. O vereador não referiu também quanto tempo demorará a reabilitar a peça que, segundo o PÚBLICO apurou, poderá ser reabilitada quase na totalidade, mas dificilmente ficará exactamente igual ao que era antes de ser destruída. Ainda assim, o pelouro da Cultura garante que irá assumir o restauro necessário.

A outra obra de José Rodrigues que poderá ver melhores dias nos próximos tempos é o Monumento ao Empresário, na Avenida da Boavista. Paulo Cunha e Silva garantiu que tem o compromisso do presidente das Águas do Porto, Matos Fernandes, de que esta empresa municipal irá assumir os custos da reabilitação “do sistema hidráulico e das fontes a ele associadas”, o que constitui a parte “mais onerosa” dos trabalhos.

A câmara irá responsabilizar-se pela “reabilitação da escultura” espelhada. Também aqui, a opinião de José Rodrigues será essencial, afirmou o vereador, já que caberá ao escultor decidir se pretende manter a cobertura de espelhos que hoje existe ou se optará por um revestimento diferente, metálico, que, segundo o presidente da câmara, Rui Moreira, tinha sido a sua opção de sempre. “O material que foi utilizado na altura não foi o que José Rodrigues tinha indicado”, explicou o autarca durante a reunião do executivo.

A questão da reabilitação da arte pública foi levantada pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, durante a discussão de uma proposta de donativo da Fundação EDP à autarquia. A proposta prevê que a fundação – que, segundo Cunha e Silva, “decidiu descontinuar a actividade que tinha no Porto, no espaço junto à Casa da Música” – doe ao município, até 2017, um valor na ordem dos 225 mil euros, destinado a apoiar exposições nos espaços associados à Galeria Municipal e também promover a instalação de uma nova peça de arte pública na cidade. Pedro Carvalho quis saber se, além da instalação de novas peças na cidade, o pelouro também irá proceder ao restauro das peças de arte pública que já existiam no Porto.

“A nossa estratégia é obviamente olhar também para o património”, respondeu Paulo Cunha e Silva, dando então como exemplo o restauro das duas peças de José Rodrigues e de outras duas obras. Segundo o vereador, também a escultura A Família, de Chartres de Almeida, será reabilitada, depois de ter sido “mutilada”, e receberá uma nova iluminação, para que se torne mais visível, no Jardim de Arca d’Água.

A última peça referida pelo vereador foi uma escultura criada por Zulmiro de Carvalho, no âmbito do PortoCartoon, e que foi colocada e retirada das imediações da Igreja de S. Francisco sem que fosse dada qualquer explicação ao artista. O autor diz-se satisfeito por o município pretender recolocar a peça no local de onde foi retirada, durante os mandatos de Rui Rio.

No decurso da discussão desta terça-feira, Paulo Cunha e Silva congratulou-se ainda com o facto de a Galeria Municipal ser “o 5.º espaço de arte mais visitado no país e o 2.º na cidade”. Questionado sobre os dados que lhe permitiram chegar a este ranking o vereador foi rápido na resposta: “Fiz as contas. Tivemos cerca de 40 mil pessoas na exposição de Sindika Dokolo, 80 mil no ano passado e já vamos em 10 mil, na exposição de fotografia [Tesouros da Fotografia do Século XIX]”.

Nova obra inaugurada esta quarta-feira

A nova peça de arte pública da cidade vai ser apresentada esta quarta-feira, durante a inauguração do muito aguardado Museu da Santa Casa da Misericórdia do Porto. A obra O Meu Sangue é o Vosso Sangue, que nasce no interior do museu, na Rua das Flores, e se derrama para a rua, é inspirada por uma das peças mais valiosas do novo museu, a pintura flamenga Fons Vitae, do século XVI. O Museu será inaugurado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, pelas 10h30.