9.º ano: média de Matemática cai para 48% e Português sobe para 58%
A Português só 77% dos alunos obtiveram uma classificação igual ou superior a 50% e a Matemática apenas metade dos alunos que fizeram a prova teve positiva.
As classificações foram conhecidas nas escolas e comentadas nesta quarta-feira pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), que considera que os resultados mostram “a existência de uma percentagem elevada de alunos com dificuldades significativas” naquelas duas disciplinas “estruturantes”. A percentagem de alunos que chumbaram a Matemática aumentou um ponto percentual em relação a 2014 e continua a ser muito alta: 32%; a dos que reprovaram a Português manteve-se nos 10%.
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As classificações foram conhecidas nas escolas e comentadas nesta quarta-feira pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), que considera que os resultados mostram “a existência de uma percentagem elevada de alunos com dificuldades significativas” naquelas duas disciplinas “estruturantes”. A percentagem de alunos que chumbaram a Matemática aumentou um ponto percentual em relação a 2014 e continua a ser muito alta: 32%; a dos que reprovaram a Português manteve-se nos 10%.
Este ano, contudo, há uma novidade: os alunos poderão repetir os exames numa segunda fase, em que a classificação interna, que agora tem um peso de 70%, deixa de ser tida em conta. Os que agora chumbarem só precisam de ter positiva na segunda prova, que vale 100%. A de Português realiza-se a 16 de Julho e a de Matemática no dia 20.
No comunicado em que analisa os resultados, o MEC nota que a Português 77% dos 94.579 alunos que realizaram a prova obtiveram uma classificação igual ou superior a 50%, mas a Matemática só metade dos 94.970 estudantes que fizeram exame tiveram positiva. Regista, por outro lado, uma subida nas classificações mais elevadas. Os alunos que tiveram 70 ou mais pontos (em 100) passaram de 23 para 26% a Português, e de 26 para 27% a Matemática, especifica.
O Iave (Instituto de Avaliação Educacional) oferece outra perspeciva e nota, tendo em conta os extremos, que a Português a percentagem de alunos com nível 5 foi 3% e a percentagem de alunos com nível 1 é inferior a 0,01%. Já na disciplina de Matemática, a distribuição dos resultados "é menos favorável". Para além de apenas 50% dos alunos terem nível 3 ou superior, 16% dos alunos estão no nível 1. No caso desta disciplina 8% dos alunos tiveram nível 5, segundo o mesmo instituto.
Segundo o MEC verificou-se, em ambas as disciplinas, "uma elevada proximidade" entre as classificações internas dos alunos e as classificações obtidas nas provas finais: os coeficientes de correlação foram 0,78 e de 0,60 a Matemática e a Português, respectivamente.
Os resultados de Matemática são surpreendentes, tendo em conta as previsões feitas no dia do exame e as considerações feitas sobre o nível de dificuldade da prova, quando ela se realizou. Isto tendo em conta que, sabe-se agora, os alunos partiram, em média, com classificações internas ligeiramente mais positivas este ano (3,1 em 5 valores) em relação ao ano passado (3,0). Tanto a sociedade científica como a associação de professores daquela disciplina tinham considerado que a prova havia sido mais acessível do que a do ano anterior, que, por sua vez, já não fora difícil, disseram. Mais: previram que as médias iriam subir, mas que isso não permitiria concluir que as crianças sabiam mais.
A direcção da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) chegou a referir que a prova era “realizável, em cerca de dois terços da extensão, por um aluno do 8.º ano" e que não incorporava qualquer questão que permitisse distinguir especificamente alunos de nível 5. Lurdes Figueiral, presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), considerou as questões da prova “pouco desafiantes e notou que alguns itens "se referiam a conteúdos do 2.º ciclo, ou seja, do 5.º ano e do 6.º.
A presidente da APM comentou ainda, na altura, que para a subida da média contribuiria um outro factor: este ano, por haver duas fases, os alunos que não se encontravam em condições de transitar não fizeram o teste na primeira. Fizeram provas de equivalência ao 3.º ciclo nas escolas (para tentarem ter acesso à segunda fase), o que excluiu desta primeira leva os alunos que supostamente teriam as classificações mais baixas.
Nesta quinta-feira, o presidente da SPM, Fernando da Costa, admitiu ter sido surpreendido, não pela oscilação, que não considera significativa em relação aos resultados dos últimos anos, mas pelo sentido, negativo, ao contrário ao que esperava. Coloca como hipótese (a confirmar ou não quando for possível analisar os resultados questão a questão) o facto de uma parte importante da prova ser relativa a matéria do 8.º ano, que os alunos não terão revisto.
Lurdes Figueiral também se disse surpresa com os resultados. Considerou que a explicação poderá estar na alteração da estrutura da prova, com as escolhas múltiplas a valerem menos do que é habitual. Isso poderá ajudar a explicar a descida e o facto de a percentagem de alunos com o nível 1 (em cinco) ter aumentado de 7% (em 2014) para 16%, disse. Afirmou, contudo, que "não se deve deixar de equacionar, também, se está a ser dado o devido apoio às crianças com mais dificuldades.". "Infelizmente, a análise destes resultados não pode ser feita independentemente de outras circunstâncias e da instabilidade vivida, no domínio da Educação e no social, em geral", comentou, ainda.
As previsões dos representantes dos docentes de Português mostraram-se mais acertadas. A recém-criada Associação Nacional de Professores de Português (Anproport) chegou a considerar “excelente” a selecção de textos da prova; e a Associação de Professores de Português (APP), adivinhou “classificações muito positivas”, especialmente “devido à objectividade e clareza das perguntas e à adequação tanto ao programa como à faixa etária dos alunos”. Os alunos que foram a exame tiveram um nível médio de frequência (3,2 em 5) igual ao do ano anterior.