DGS lança manual com orientações para uma dieta vegetariana
A Direcção-Geral da Saúde lança esta quinta-feira um manual dedicado à alimentação vegetariana, com esclarecimentos, informações nutricionais, benefícios e riscos de um estilo alimentar cada vez mais procurado e que em Portugal já terá cerca de 30 mil seguidores.
"Sentimos por parte dos profissionais de saúde, nomeadamente na área da nutrição, um aumento de pedidos de informação sobre alimentação vegetariana e particularmente a estrita [dieta que exclui todos os produtos de origem animal]", disse Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS e um dos autores do manual.
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"Sentimos por parte dos profissionais de saúde, nomeadamente na área da nutrição, um aumento de pedidos de informação sobre alimentação vegetariana e particularmente a estrita [dieta que exclui todos os produtos de origem animal]", disse Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS e um dos autores do manual.
Os estudos internacionais apontam para um número crescente de vegetarianos a cada ano - influenciados em grande parte pelo aumento das preocupações com a protecção do ambiente e dos animais - sobretudo entre a população mais esclarecida e estudantes universitários. Por outro lado, há cada vez mais informação online sobre vegetarianismo, muita dela sem qualidade ou a tentar vender produtos comerciais, o que origina má informação, acrescenta o responsável.
O manual contém uma breve história sobre os conceitos associados à alimentação vegetariana, os benefícios, os riscos, os principais alimentos e as suas classificações, podendo dividir-se em ovolactovegetariana (exclui carne e peixe, mas inclui ovos e lacticínios) ou vegetariana estrita ou vegana (que exclui todos os alimentos de origem animal).
Hoje em dia há cada vez mais livros, receitas e revistas, bem como menus alternativos nos restaurantes com opções vegetarianas, mas a DGS nunca tinha publicado orientações sobre a alimentação vegetariana, quando uma das conclusões do relatório 2015 sobre a saúde dos portugueses é que os motivos que mais influenciam a perda de anos de vida com qualidade saudável é a alimentação não saudável, principalmente pobre em fruta e hortícolas.
Neste sentido, Pedro Graça alerta para a necessidade de incorporar vegetais e hortícolas na alimentação, devido às suas funções protectoras das células. "Estudos científicos demonstram que quando aumenta deste consumo há maior protecção da célula face a doenças como a oncológica e a cardiovascular", disse, especificando que quando ultrapassa os 400 gramas por dia, se estima que tenha efeito protector.
Comportamentos e grupos de risco
O responsável sublinha ainda que para se seguir esta dieta não é necessário adoptar um padrão alimentar distinto, mas apenas "valorizar o que há", uma vez que a tradição alimentar portuguesa é muito rica em vegetais. Mas um padrão alimentar vegetariano mal acompanhado comporta riscos, que este manual visa precisamente suprir, como a carência das vitaminas B12 e D, dos minerais ferro, cálcio, zinco, proteína de qualidade e ácidos gordos essenciais.
Em particular, as grávidas e as crianças são os grupos de risco que mais preocupam os profissionais, uma vez que em cassos extremos pode levar à morte e em casos ligeiros à anemia e défice de crescimento. "A questão proteica é a que nos preocupa mais. Na ovolactovegetariana essa carência está acautelada. Aliás, quem quer começar uma dieta vegetariana deve começar inicialmente pela ovolactovegetariana, particularmente as crianças", frisou o nutricionista.