Tusk defende alívio da dívida à Grécia

Depois dos renovados apelos do FMI e dos EUA a uma reestruturação da dívida grega, o presidente do Conselho Europeu apela a que essa seja a resposta dos Governos da zona euro a uma proposta realista grega.

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Donald Tusk está confiante que a Grécia apresentará proposta realista ALAIN JOCARD/AFP

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou no Luxemburgo que se a Grécia apresentar uma proposta realista, então “precisa de ter como resposta uma proposta igualmente realista em relação à sustentabilidade da dívida por parte dos seus credores”. Só assim haverá uma situação em que todos ganham, defendeu.

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O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou no Luxemburgo que se a Grécia apresentar uma proposta realista, então “precisa de ter como resposta uma proposta igualmente realista em relação à sustentabilidade da dívida por parte dos seus credores”. Só assim haverá uma situação em que todos ganham, defendeu.

“Caso contrário, iremos continuar a dança letárgica que temos vindo a dançar durante os últimos cinco meses”, afirmou Tusk, que revelou ter estado em contacto esta quinta-feira com o primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, mostrando-se esperançado que serão enviadas de Atenas propostas concretas e realistas.

Esta abertura do presidente do Conselho Europeu a medidas que representem um alívio da dívida parece mostrar que os novos apelos realizados na quarta-feira pelo FMI e pela Administração Obama estão a ser ouvidos na Europa. Christine Lagarde reafirmou que tanto as reformas como uma reestruturação da dívida eram necessárias para evitar uma situação de crise aguda. E o secretário do Tesouro norte-americano, Jack Lew, desejou que “a Grécia tome as medidas que precise de tomar para que a Europa reestruture a dívida de uma forma que é mais sustentável”.

Estes apelos vindos do outro lado do Atlântico têm vindo a ser recebidos até agora com muitas reticências pelos responsáveis de grande parte dos governos europeus. Vender às suas próprias opiniões públicas a concretização de um alívio da dívida à Grécia é uma tarefa muito difícil para diversos executivos, incluindo o alemão. As declarações de Tusk, que são feitas ainda no rescaldo de uma cimeira de líderes da zona euro podem apontar, contudo, que existe uma margem de manobra na Europa para essa possibilidade.

Um acordo deste tipo – em que a Grécia cede nas medidas que se compromete a aplicar e a Europa aceita dar passos na reestruturação da dívida – tem em qualquer dos casos de ser realizado muito rapidamente, uma vez que os bancos gregos estão quase sem dinheiro nos seus cofres e o Estado pode não ter fundos para enfrentar os seus próximos compromissos.

O próximo passo no calendário muito apertado para a obtenção de um eventual acordo é a entrega da nova proposta grega de realização de reformas e medidas de consolidação orçamental com que espera ter acesso a um empréstimo dos seus parceiros europeus para os próximos três anos.

De acordo com o actual plano, a entrega do documento deverá acontecer até ao final desta quinta-feira. Os meios de comunicação social gregos indicam que o Governo liderado por Alexis Tsipras já está reunido para discutir a proposta, havendo ainda a intenção de a mostrar aos partidos da oposição antes do envio para Bruxelas.

Depois de entregue, as instituições da troika irão avaliá-la e propor alterações, havendo o desejo de que se chegue a um texto comum até às 14h de Bruxelas (13h em Lisboa) no sábado, a hora agendada para o início da reunião extraordinária do Eurogrupo.

No encontro dos ministros das Finanças da zona euro, os Governos terão a oportunidade de mostrar a sua opinião sobre um acordo, que será depois enviada à cimeira de líderes da zona euro que está marcada para o próximo domingo às 16h de Bruxelas (15h em Lisboa). Duas horas depois, inicia-se um conselho europeu extraordinário com todos os líderes da União Europeia.

Embora esses encontros sejam vistos como a última oportunidade da Grécia para evitar uma saída da Grécia do euro, o processo não fica ainda concluído aí. Em diversos países, qualquer eventual acordo para a concessão de um novo empréstimo a três anos à Grécia tem de passar pelos respectivos parlamentos. Dada a urgência da situação financeira grega, essas deliberações parlamentares terão de ser feitas nos primeiros dias da próxima semana. Alemanha, Finlândia e países bálticos são aqueles em que se prevê possa haver mais obstáculos à aprovação do resgate.