Há 26 razões para o Conselho de Abitragem da FPF discordar do sorteio
O organismo que tinha por missão nomear os árbitros para cada jornada dos campeonatos profissionais de futebol revelou os seus argumentos contra o sorteio.
“Prejudica de forma irreversível a imagem do futebol em geral e da arbitragem em particular”, sublinhou fonte daquele organismo à Lusa, dando conta, para além dos argumentos desportivos, de consequências económicas, temporais e legais da proposta de sorteio, que vai ser apreciada na Assembleia Geral (AG) extraordinária da FPF de 25 de Julho, nomeadamente o desrespeito pelo Regime Jurídico das Federações Desportivas.
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“Prejudica de forma irreversível a imagem do futebol em geral e da arbitragem em particular”, sublinhou fonte daquele organismo à Lusa, dando conta, para além dos argumentos desportivos, de consequências económicas, temporais e legais da proposta de sorteio, que vai ser apreciada na Assembleia Geral (AG) extraordinária da FPF de 25 de Julho, nomeadamente o desrespeito pelo Regime Jurídico das Federações Desportivas.
Entre as limitações apontadas, a fonte do CA diz que esta proposta pode fazer com que o “melhor árbitro da temporada não seja sorteado para arbitrar nenhum dos jogos dos chamados ‘grandes’” e coloca em pé de igualdade os nove árbitros internacionais, contrariando a hierarquização da UEFA.
Uma eventual nomeação para as competições europeias coloca ainda em causa o respeito pelas 72 horas de intervalo entre cada jogo, acrescentou a fonte, realçando que o sorteio dos assistentes pode provocar “perda de eficácia” por quebrar rotinas das equipas de arbitragem, admitindo ainda o aumento dos custos com transportes, pelo risco da disparidade das proveniências dos juízes.
“Para que o princípio da equidade entre os diversos árbitros e clubes seja minimamente garantido, o sorteio tem de ser de tal forma condicionado que ao fim da sétima ou oitava jornada para alguns jogos só haverá dois ou três árbitros disponíveis”, referiu a fonte, salientando que a proposta ignora a “competência e mérito” e a “forma física, técnica e psíquica” dos possíveis sorteados.
A fonte do CA referiu a possibilidade de um “árbitro poder ter um mau desempenho num determinado jogo, prejudicando uma equipa e, passadas três jornadas, voltar a arbitrar esse clube e assim sucessivamente”, realçando as lacunas burocráticas inerentes à carreira de árbitro, sem assegurar “o princípio da equidade em razão do processo classificativo”.
“Deixa de haver árbitros internacionais a arbitrar jogos decisivos da II Liga”, frisou a mesma fonte, denunciando a ilegalidade da proposta por atribuir a responsabilidade de nomeação dos observadores pela secção profissional do CA, em detrimento da sua secção de classificações.
Na passada sexta-feira, as três secções do CA da FPF decidiram, por unanimidade, contestar a implementação do sorteio de árbitros, assistentes e observadores em 2015-16, que ainda terá de ser ratificada em reunião magna federativa.
“Manifestar opinião discordante pela introdução do sorteio, qualquer que seja a sua forma, e defender a manutenção do sistema de nomeação por designação directa de árbitros, árbitros assistentes e observadores, por ser este o que melhor defende os interesses das competições, da arbitragem e dos árbitros”, lê-se no primeiro de cinco pontos do comunicado do CA da FPF.
O mesmo documento dá ainda conta de que o plenário do CA considerou “inconcebível a proposta de os clubes poderem interferir directamente na classificação dos árbitros, em resultado da denúncia das suas actuações, por isso representar uma intolerável forma de pressão sobre os árbitros, com consequências prejudiciais para a verdade desportiva”, acrescentando que esta proposta “traduz uma desconfiança relativamente aos árbitros e à arbitragem”.
Esta estrutura federativa repudia ainda “as ofensas públicas e infundadas à honorabilidade” dos seus membros, advertindo ainda para “a possibilidade de a proposta não estar de acordo com a legislação aplicável em vigor”.
No dia 29 de Junho, a maioria dos clubes representados na AG da LPFP aprovou o regresso do sorteio dos árbitros nos jogos das competições profissionais, através de um sorteio condicionado pela obrigatoriedade de apenas os internacionais dirigirem os jogos considerados de maior dificuldade.
Os primeiros jogos da época futebolística de 2015-16 estão agendados para 2 de agosto, com a disputa da primeira fase da Taça da Liga, antecedendo o jogo da Supertaça Cândido Oliveira, entre Benfica, campeão nacional, e o Sporting, vencedor da Taça de Portugal, a 9 de Agosto, e, no mesmo fim de semana, do início da II Liga.