Madrid quer rebaptizar as ruas e praças com nomes de franquistas

É uma promessa eleitoral do Ahora Madrid, pelo qual foi eleita Manuela Carmena. Implica problemas: se há alguns nomes óbvios, outros pertencem a pessoas que estiveram ligadas ao regime mas ficaram conhecidas por outras actividades.

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"Impunidade para o franquismo? Não obrigado." Pedro ARMESTRE/AFP

Segundo os jornais espanhóis, o Ahora Madrid quer aplicar, à letra, a Lei da Memória Histórica, aprovada em 2007 (estava no poder um Governo socialista), com que se quis condenar o franquismo e declarar que foi um regime usurpador e opressor, e valorizar a memória das vítimas da Guerra Civil que lutaram pela defesa dos valores democráticos.

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Segundo os jornais espanhóis, o Ahora Madrid quer aplicar, à letra, a Lei da Memória Histórica, aprovada em 2007 (estava no poder um Governo socialista), com que se quis condenar o franquismo e declarar que foi um regime usurpador e opressor, e valorizar a memória das vítimas da Guerra Civil que lutaram pela defesa dos valores democráticos.

Após a aprovação da lei, a assembleia municipal de Madrid votou uma proposta de mudança de nomes de praças e ruas, que foi chumbada pela maioria do Partido Popular (PP). No início deste ano, 38 autarcas, entre eles a de Madrid, Ana Botella — mulher de José María Aznar, que foi presidente de Governo —, foram processados por um advogado que os acusa de violação da lei da Memória Histórica por manterem os nomes nas ruas e praças. O processo decorre nos tribunais.

Há outros processos em curso na Justiça espanhola — na Corunha é exigido ao Ayuntamiento que retire mais de vinte símbolos franquistas das ruas.

O tema, porém, não é pacífico. Em Madrid, como noutras cidades, não há uma lista oficial de ruas com nomes de franquistas. O que existe é um alista informal, feita pela Esquerda Unida a partir do livro Toponimia Madrileña. Proceso Evolutivo, publicado em 1997 por Luis Miguel Aparis.

A porta-voz da câmara de Madrid, Rita Maestre, citada pelo jornal El País, disse que o objectivo é envolver na discussão especialistas e também organizações sociais, para se chegar a uma decisão sobre o que deve ser feito e que nomes devem ser retirados — todos os que recordem pessoas, entidades e factos relacionados com o franquismo, explicou. Porém, disse, não existe ainda "um plano concreto" para o início da retirada das placas , ainda que já existam propostas feitas pelos cidadãos para rebaptizar alguns locais.

A operação, como recordou a Associação para a Recuperação da Memória Histórica — que tem várias campanha em curso, uma delas a da remoção do corpo de Francisco Franco do Vale dos Caídos, um monumento à memória dos franquistas mortos, nos arredores de Madrid — alertou para os vários problemas que a operação pode implicar.

Este grupo considerou, em comunicado, que é um dever democrático a "retirada dos espaços públicos daqueles que deram um golpe de Estado e que fizeram o terrível uso da violência como seu método de acesso ao poder". A Associação alertou para a necessidade de o processo de mudança do nome das ruas ser totalmente transparente. Defendeu que não se pode repetir o que que aconteceu em 2005, quando a última das estátuas de Franco foi retirada de uma praça madrilena de noite, e sem aviso, e exigiu que a autarquia explique quem era cada uma das pessoas visadas, esclarecendo o motivo pelo qual deixa de ser nome de rua.

Referem os jornais espanhóis que há nomes óbvios, como os generais Moscardó e Fanjul.Porém, outros são figuras que se relacionaram com o regime mas são conhecidos por actividades noutras áreas. Apontam exemplos, como o falangista Agustín de Foxá, que também foi escritor, poeta e jornalista.