Pedro Gadanho regressa a Portugal para dirigir o novo museu da Fundação EDP
Arquitecto deixa o MoMA no final desta temporada para assumir funções em Lisboa já em Outubro.
A experiência internacional de Gadanho e o trabalho que desenvolveu em Nova Iorque foram, aliás, os principais motivos para o arquitecto ter sido escolhido pela Fundação EDP. “Este é um projecto que tem uma ambição internacional”, diz ao PÚBLICO Miguel Coutinho, administrador e director-geral da fundação, explicando que o currículo de Pedro Gadanho “vai ser fulcral” para que este novo espaço de arte contemporânea, orçado em cerca de 20 milhões de euros, se consiga destacar.
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A experiência internacional de Gadanho e o trabalho que desenvolveu em Nova Iorque foram, aliás, os principais motivos para o arquitecto ter sido escolhido pela Fundação EDP. “Este é um projecto que tem uma ambição internacional”, diz ao PÚBLICO Miguel Coutinho, administrador e director-geral da fundação, explicando que o currículo de Pedro Gadanho “vai ser fulcral” para que este novo espaço de arte contemporânea, orçado em cerca de 20 milhões de euros, se consiga destacar.
Apesar de as obras do edifício projectado pela britânica Amanda Levete, arquitecta responsável, por exemplo, pela extensão do Victoria & Albert Museum, em Londres, só ficarem concluídas para o ano, Gadanho, nascido na Covilhã, em 1968, assumirá funções já em Outubro. “Vou começar a programar e a acompanhar a fase final da obra”, diz ao PÚBLICO o arquitecto e curador, com a certeza de que o trabalho que desenvolverá em Lisboa será “mais excitante do que aquilo que poderia fazer no MoMA nos próximos anos”. “Fiz uma série de exposições relevantes, foi uma experiência muito importante”, continua, explicando que já tinha decido que assim que tivesse uma oportunidade de regressar à Europa, regressaria.
A direcção do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, que quer pôr no mapa internacional das artes, não podia ser mais aliciante, conta, ao mesmo tempo que antecipa algumas das ideias que começa já a desenvolver para o projecto que vai abordar a relação da arte com as novas tecnologias, continuando também com a sua componente científica, no que diz respeito à electricidade. Para Gadanho, o novo museu vai ser “a combinação da estrutura existente [o Museu da Electricidade] com uma espécie de Kunsthal”, o museu em Roterdão que é mais um centro cultural. Como acontece com a instituição holandesa, a nova estrutura à beira Tejo vai contar com diferentes salas de exposições, um serviço educativo, reservas de arte, auditório, espaços para residências artísticas e um restaurante.
Miguel Coutinho destaca a forma como o novo edifício se vai ligar ao já existente, onde está instalado há 25 anos o Museu da Electricidade. “Temos a possibilidade de conjugar um espaço que tem história [como é a da antiga central térmica a carvão que forneceu electricidade à região da grande Lisboa, ininterruptamente de 1909 até 1954] com um espaço absolutamente moderno.”
O projecto prevê a circulação pedonal entre os dois edifícios, além de permitir que as pessoas possam andar por cima do novo museu. Quando em 2011, António Mexia, CEO da EDP, apresentou este espaço arquitectónico falou num “centro cultural sem barreiras”. Na altura, Mexia previa que a obra ficasse completa no final de 2013, o que não aconteceu devido a alguns problemas no projecto, que teve de ser alterado inicialmente para estar conforme o Plano Director Municipal (PDM). Depois disso, as obras avançaram e foram interrompidas mais do que uma vez.
O Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia integra também o plano estratégico que António Lamas, presidente do Centro Cultural de Belém e da Estrutura de Missão da Estratégia Integrada de Belém, prepara com o objectivo de promover todo o conjunto patrimonial desta zona de Lisboa.
Quando em 2016, o MAAT abrir portas, a relação entre os dois edifícios vai existir e a programação vai ser cruzada. “A área de exposição vai quase triplicar”, aponta o director-geral da Fundação EDP, especificando que com o novo museu passam a existir mais de três mil metros quadrados para expor.
Para Gadanho ainda é cedo para se falar em possíveis exposições mas de uma coisa tem a certeza: “É para continuar a apoiar artistas portugueses, mostrar as suas obras”. A nova obra vai ainda permitir que a colecção da fundação seja exposta pela primeira vez no seu todo e em contexto. “Há uma colecção de arte contemporânea portuguesa, mais forte a partir de 1968, que tem sido divulgada fora da fundação, em exposições, mas que agora pode ser mostrada ali”, explica.
“Ao longo destes 11 anos [a Fundação EDP foi criada em 2004] temos vindo a fazer a nossa colecção que conta neste momento com cerca de mil obras de artistas contemporâneos portugueses”, diz Miguel Coutinho, esclarecendo, sem referir quaisquer nomes, que neste conjunto estão representados todos os artistas importantes e que traçam a história da arte contemporânea em Portugal. “Todos os anos temos adquirido novas obras”, acrescenta, explicando que do orçamento anual da fundação há uma percentagem destinada à compra de novas peças para a colecção.
O contrato de Pedro Gadanho, licenciado na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), mestre em Arte e Arquitectura pelo Kent Institut of Arts and Design, em Inglaterra, e doutorado em Arquitetura e Mass Media pela FAUP, é de três anos renováveis.