Solar Impulse 2 chega ao Havai depois de voo solitário mais longo de sempre
O empresário suíço André Borshberg fez quase 120 horas de voo, batendo um recorde num avião que não precisa de combustível.
“Ele conseguiu”, publicou a organização do Solar Impulse na sua conta de Twitter assim que o avião alimentado somente a energia solar tocou no solo, quando o Sol estava a nascer no arquipélago norte-americano.
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“Ele conseguiu”, publicou a organização do Solar Impulse na sua conta de Twitter assim que o avião alimentado somente a energia solar tocou no solo, quando o Sol estava a nascer no arquipélago norte-americano.
Com um colar de flores exóticas à volta do pescoço, o empresário e piloto suíço André Borshberg surgiu, sorridente e de barba feita, nas imagens difundidas em directo no site.
“É difícil de acreditar naquilo que vejo: #Si2 no Havai! Mas jamais duvidei que @andreborshberg poderia fazê-lo”, escreveu rapidamente na sua conta Twitter Bertrand Piccard, o segundo piloto do aparelho.
O avião experimental pousou como o previsto no aeroporto de Kalaeloa, na ilha principal de Oahu, a cerca de 30 quilómetros a Oeste de Honolulu.
Com a voz fatigada, André Borschberg tinha dito ao posto de controlo, por volta das 13h30 (hora de Lisboa) estar a “fazer pequenas pausas (…)”, mas sentia-se bem acordado. Restava-lhe apenas um pouco mais de 180 quilómetros pela frente, o que equivale a cerca de 3h30 de voo. Antes, ele tinha feito pequenas sestas de 20 minutos para poder manter o controlo do aparelho.
Dez horas antes, os organizadores tinham postado um tweet: “@andreborschberg esta cansado. Com turbulência a 2400 metros de altitude e uma frente fria a aproximar-se, a situação é difícil”. Com quase 120 horas de voo, André Borschberg bateu por muito o recorde mundial anterior de um voo solitário que foi atingido em 2006 por Steve Fossett, que fez um voo durante 76 horas e 45 minutos (um pouco mais de três dias).
“É verdadeiramente um momento inacreditável. Vimos o André surgir [no avião] há cinco minutos. Conseguem imaginar de onde é que ele partiu? Do Japão”, disse Bertrand Piccard duas horas antes da aterragem. “Cinco dias e cinco noites nos ares”, insistiu, muito emocionado.
“Lá está ele, a algumas centenas de metros acima do mar. É absolutamente fantástico”, prosseguiu. “Voar assim tanto tempo sem nenhum combustível. É qualquer coisa de histórico.”
Uma silhueta na noite havaiana
As imagens em directo do aparelho, difundidas no site da Internet da missão, permitiram seguir em directo as últimas horas de aproximação ao Havai. Durante as últimas horas da noite, só era possível observar os faróis do avião, que desenhavam a sua longa silhueta.
Bertrand Piccard vai tomar os comandos do avião para a próxima escala que deverá levar o avião do arquipélago do Havai a Phoenix, no Arizona. Mas aquela não vai ser a última paragem, segundo o organizador.
O avião partiu a 9 de Março de Abou Dhabi para uma viagem à volta do mundo, a primeira a ser feita por avião propulsionado por energia solar, de 35.000 quilómetros. A viagem é destinada a promover o uso de energias renováveis.
O avião tem células fotovoltaicas nas suas asas, que carregam baterias quando há sol. Durante a noite, o avião trabalha com a energia eléctrica que entretanto foi acumulada.
André Borshberg voou sozinho numa cabine pressurizada de 3,8 metros cúbicos. A voar a altitudes que podiam chegar aos 9000 metros, o piloto usa botijas de oxigénio para respirar, e sofre grandes variações de temperatura numa só viagem.
O piloto preparou-se cuidadosamente para este teste de resistência, tal como Bertrand Piccard, que voa alternadamente o avião. Piccard é psiquiatra e vem de uma família de exploradores, já realizou a primeira volta ao mundo em balão sem nenhuma paragem.
“O que é necessário é sentirmo-nos à vontade e sermos capazes de aceitar mentalmente, e até de gostar, estarmos naquele cockpit durante um período de tempo tão longo”, contou André Borschberg.
“Utilizo as técnicas de yoga e de meditação, e o meu parceiro de auto-hipnose, para nos relaxar”, explicou.