Nóvoa critica calculismos e desafia candidatos a avançar já
Candidato presidencial almoçou no Porto com um grupo de personalidades. Ramalho Eanes diz que o PR ”deve ser um democrata” e um “homem que tem de amar verdadeiramente a liberdade”.
Antes do almoço, servido no restaurante da cooperativa, que beneficia de uma bela paisagem, Sampaio da Nóvoa falou com vários dos comensais enquanto a comitiva aguardava pela chegada de alguns dos convidados como Álvaro Siza Vieira, Manuel Pizarro ou Paulo Cunha e Silva, que acabaram por não comparecer.
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Antes do almoço, servido no restaurante da cooperativa, que beneficia de uma bela paisagem, Sampaio da Nóvoa falou com vários dos comensais enquanto a comitiva aguardava pela chegada de alguns dos convidados como Álvaro Siza Vieira, Manuel Pizarro ou Paulo Cunha e Silva, que acabaram por não comparecer.
Em declarações aos jornalistas, o ex-reitor da Universidade de Lisboa (UL) criticou “aqueles que estão a fazer contas para avançar com a candidatura” a Belém, numa indirecta a Rui Rio, e declarou que as presidenciais não ganham "em serem uma espécie de segunda volta das legislativas". "O tempo das presidenciais não é menos importante que o tempo das legislativas" e "respeitar estes dois tempos é a pessoa apresentar-se na altura certa, com propostas, com ideias ao eleitorado português", advogou.
Negando que as suas declarações visassem o antigo presidente da Câmara do Porto, que admite protagonizar uma candidatura a Belém em 2016, o candidato presidencial apressou-se a esclarecer que as suas palavras eram “uma crítica a todos aqueles que não têm coragem, que estão a fazer contas, que estão a fazer calculismos diversos". "As presidenciais não ganham com isso, não ganham em serem uma espécie de segunda volta das legislativas. As presidenciais têm que ser respeitadas na sua autonomia própria", proclamou.
Afirmando que esta "é a altura certa, neste momento, das pessoas se apresentarem e de dar tempo a que as suas ideias sejam debatidas, sejam discutidas pelos portugueses", o professor explicou que esta é a melhor maneira das duas eleições "não estarem contaminadas”.
Os jornalistas questionaram-no sobre a entrevista à Antena 1 do presidente do PS, Carlos César, que admitiu que o PS pode não dar indicação de voto nas presidenciais, mas que se as eleições fossem hoje votava em Sampaio da Nóvoa, o antigo reitor da Universidade de Lisboa classificou as declarações como “muito interessantes". E sublinhou que as “legislativas são disputadas pelos partidos, enquanto as presidenciais são disputadas por cidadãos, que, no quadro da sua independência, se apresentam às eleições".
E uma vez mais reafirmou que a sua candidatura “é independente e suprapartidária, mas não contra os partidos”. "Estou certo que os partidos, na altura própria, vão tomar as decisões e agradeço muito essas declarações que me parecem muito importantes para construir, consolidar, este movimento que se vem criando à volta da candidatura".
"Esta candidatura foi feita sempre com uma preocupação de unir. Há fragmentações a mais na sociedade portuguesa. Não há nenhum problema em que haja muitos candidatos e muitas candidaturas se as pessoas entenderem que têm ideias e projectos para apresentar, eu julgo que isso é bom e é legítimo e enriquece este espaço democrático das presidenciais", considerou.
Ramalho Eanes falou apenas durante o almoço e a sua intervenção era aguardada com expectativa, por que o director da Cooperativa Árvore, Amândio Secca, tinha questionado as razões do seu apoio a Nóvoa.
Eanes entende que o Presidente da República ”deve ser um democrata” e um “homem que tem de amar verdadeiramente a liberdade, não por razões teóricas, mas por razões éticas e de responsabilidade social, mas, sobretudo, porque gosta das pessoas".
Para o antigo chefe de Estado, tem que ser "um homem que apoie todas as soluções que os portugueses democraticamente decidirem" e que tem a obrigação de colaborar com os governos sejam de direita ou de esquerda, desde que cumpram com o que prometem.
Eanes foi muito crítico quanto ao que se está a passar na Europa e disse estar a assistir com "profundo desgosto" à situação da Grécia, considerando que do lado grego "há uma certa inexperiência e um excesso de voluntarismo e do outro lado, tem havido uma pesporrência e uma falta de respeito pelos grandes princípios que alicerçaram a União Europeia e que deviam constituir o cerne do projecto europeu", apontou.