FMI diz que Grécia precisa de mais 36 mil milhões de euros de ajuda da Europa

Relatório admite necessidade de perdão de dívida grega se o país não avançar com reformas.

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Relatório do FMI, presidido por Christine Largarde, considera dívida insustentável se o país não fizer reformas Saul Loeb/AFP

Numa análise à sustentabilidade da dívida pública grega, com data de 26 de Junho, o FMI avança que as necessidades financeiras da Grécia para os próximos três anos (2018) ascendem a 50 mil milhões de euros, dos quais 36 mil milhões teriam de ser emprestados pelos parceiros europeus.

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Numa análise à sustentabilidade da dívida pública grega, com data de 26 de Junho, o FMI avança que as necessidades financeiras da Grécia para os próximos três anos (2018) ascendem a 50 mil milhões de euros, dos quais 36 mil milhões teriam de ser emprestados pelos parceiros europeus.

No documento preliminar que ainda não foi aprovado pela conselho de administração, os técnicos do FMI avançam que, sem as reformas que têm sido avançadas pelos credores, a dívida é insustentável e necessita de um haircut.

O documento destaca que, "em cima de uma já muito elevada dívida, as novas necessidades de financiamento tornam a dinâmica da dívida pública insustentável”, defendendo a necessidade de novas reformas para inverter a tendência e, em simultâneo, o prolongamento das maturidades dos actuais empréstimos.

Segundo a instituição liderada por Christine Lagarde, o pacote de medidas que tem estado em cima da mesa não pode ser “enfraquecido”, em particular através de uma redução das metas de excedentes orçamentais primários ou de reformas estruturais menos robustas. Se isso acontecer, “vão ser necessários haircuts na dívida".

O relatório do FMI, publicado a poucos dias do referendo, avança que a situação financeira do país foi agravada por "importantes mudanças políticas" em Atenas.

A instituição lembra que, numa avaliação realizada em Maio do ano passado, a dívida pública da Grécia "estava a regressar ao caminho da sustentabilidade, embora permanecesse altamente vulnerável a choques".

"No final do verão de 2014, com as taxas de juro a descer, parecia que não seria necessário um alívio da dívida ao abrigo do acordo de Novembro de 2012. Mas várias alterações nas políticas desde então – além de um excedente orçamental primário e um esforço reformista mais fraco – estão a criar novas necessidades de financiamento", avisa o FMI

O relatório, divulgado numa altura em que os credores decidiram suspender as negociações com o Governo grego até ser conhecido o resultado do referendo, recorda que depois da conclusão do documento, as autoridades gregas encerraram o sector bancário, impuseram um controlo de capitais (desde segunda-feira) e não pagaram o reembolso de cerca de 1500 milhões de euros na data prevista (última terça-feira).

E salvaguardam que aqueles “desenvolvimentos devem ter um impacto significativo e adverso na economia e nas finanças gregas que ainda não foi reflectido nesta análise".

Admitindo que as autoridades europeias aprovam o terceiro resgate à Grécia, o FMI estima que a dívida pública do país ficará em 150% do PIB em 2020, baixando para 140% em 2022.

Entretanto, o Banco Central Europeu (BCE) convocou uma reunião para segunda-feira para discutir a linha de liquidez à banca grega, que se encontra actualmente em 85 mil milhões de euros. A reunião, avançada pela Reuters, ocorre após o referendo e numa altura em terá de ser tomada uma decisão sobre a abertura dos bancos e o fim do actual controlo de capitais.

Apesar da incerteza que se vive em relação ao futuro da Grécia, e dos cortes de rating recentes, como o anunciado nesta quinta-feira pela S&P, o BCE tem mantido a linha de financiamento aos bancos gregos sem exigências suplementares ao nível de garantias apresentadas, que assentam fundamentalmente em títulos de dívida grega.

Nos mercados financeiros, o dia voltou a ficar mercado pelo nervosismo dos investidores. As bolsas europeias encerraram todas em terreno negativo, com a praça lisboeta a perder 0,27%. As maiores quedas, perto de 1%, foram registadas na bolsa alemã e no Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores empresas europeias.

 As dívidas soberanas dos países da zona euro voltaram a subir, a reflectir maior risco. As taxas implícitas das obrigações portuguesas (yields) a 10 anos superaram os 3%, bem acima dos mínimos de 1,5% que registavam há poucas semanas. Com agências