Rui Horta apanha boleia da Metropolitana para sonhar com Cabul
Lugar de conflito, de violência, de isolamento, de procura, mas também de incomunicabilidade: Cabul, primeira obra de Rui Horta enquanto artista associado residente da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Agora, numa versão livre e muito reescrita de Rui Horta, quando o actor Pedro Gil sai do elevador é lançado para Cabul, no Afeganistão. Lugar de conflito, de violência, de isolamento, de procura, mas também de incomunicabilidade. Tudo isto passa por Cabul, primeira obra de Rui Horta enquanto artista associado residente da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) durante os próximos três anos.
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Agora, numa versão livre e muito reescrita de Rui Horta, quando o actor Pedro Gil sai do elevador é lançado para Cabul, no Afeganistão. Lugar de conflito, de violência, de isolamento, de procura, mas também de incomunicabilidade. Tudo isto passa por Cabul, primeira obra de Rui Horta enquanto artista associado residente da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) durante os próximos três anos.
A estreia está prevista apenas para 30 e 31 de Outubro no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, sendo depois apresentada em Março de 2016 no Teatro São Luiz, em Lisboa. Mas aproveitando a ocasião de uma apresentação formal dessa relação para as próximas três temporadas com a OML, Rui Horta dirigiu nas instalações da Fábrica XL (no interior da LX Factory, em Lisboa) um ensaio aberto com a participação de Pedro Gil, protagonista do monólogo, e com os músicos da orquestra dirigidos pelo maestro Pedro Amaral, a acompanhar o texto com a interpretação de peças (Piano and String Quartet e For Samuel Beckett) do compositor norte-americano Morton Feldman. Com o objectivo de mostrar o processo criativo em curso, a ocasião serviu também para sondar as opiniões do público convidado sobre o texto, a dramaturgia e o dispositivo claustrofóbico e de enclausuramento no qual, colocando os espectadores ao centro, rodeado de paletes, Pedro Gil vai deixando que a tensão das palavras alastre ao lugar.
“Isto vem de um sonho que tive nos anos 80, em Londres”, confessou Rui Horta. “Tinha visto uma peça do [coreógrafo] Mark Morris e sonhei a noite toda com aquilo – sonhei nessa noite a peça perfeita, de tal maneira fiquei entusiasmado. Quando acordei de manhã, tinha essa sensação da peça perfeita, que obviamente nunca consegui fazer.” Cabul é um regresso aos “farrapos” dessa longínqua ideia, passados mais de 20 anos, cruzando texto do próprio Rui Horta com a adaptação de excertos de A Missão, alinhados para lançar um indivíduo numa busca de sentido para uma missão que nunca é explicitada e apenas o empurra para o confronto consigo mesmo, com mais ou menos sugestões de uma ficção científica entre Matrix e Guerra das Estrelas.