Godinho Lopes expulso do Sporting por infracções “muito graves”

Bruno de Carvalho apresentou em AG a auditoria feita à gestão do património imobiliário entre 1995 ?e 2013, uma reunião na qual se aprovou o orçamento da próxima época e o novo projecto do pavilhão.

Foto
Godinho Lopes Pedro Cunha/Arquivo

Tudo isto se discutiu numa reunião que durou cerca de seis horas, mas o facto de maior impacto foi a severa penalização atribuída a um ex-presidente (Godinho Lopes liderou o clube entre 2011 e 2013), acompanhada de uma suspensão a Luís Duque por um ano, decisões tomadas na sequência do pedido de um grupo de sócios ao Conselho Disciplinar e Fiscal do Sporting. Pedido igual foi feito para a suspensão de Carlos Freitas e Luís Nobre Guedes, mas os respectivos processos foram arquivados por ambos terem deixado de ser sócios. “Os arguidos a quem foram aplicadas estas sanções disciplinares têm o direito de recorrer para a AG, nos 30 dias seguintes ao da notificação, recurso que é devolutivo no caso de suspensão de um ano e recurso que é suspensivo no caso da expulsão”, lê-se no comunicado do Sporting.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Tudo isto se discutiu numa reunião que durou cerca de seis horas, mas o facto de maior impacto foi a severa penalização atribuída a um ex-presidente (Godinho Lopes liderou o clube entre 2011 e 2013), acompanhada de uma suspensão a Luís Duque por um ano, decisões tomadas na sequência do pedido de um grupo de sócios ao Conselho Disciplinar e Fiscal do Sporting. Pedido igual foi feito para a suspensão de Carlos Freitas e Luís Nobre Guedes, mas os respectivos processos foram arquivados por ambos terem deixado de ser sócios. “Os arguidos a quem foram aplicadas estas sanções disciplinares têm o direito de recorrer para a AG, nos 30 dias seguintes ao da notificação, recurso que é devolutivo no caso de suspensão de um ano e recurso que é suspensivo no caso da expulsão”, lê-se no comunicado do Sporting.

Jaime Marta Soares, presidente da mesa da AG, frisou que esta é uma decisão que surge em consequência de “situações preocupantes e escandalosas” que têm surgido com a auditoria de gestão neste domingo apresentada aos sócios. “Muitas destas situações apontam para a dilapidação do património do clube e não podem ficar sem a sanção respectiva”, afirmou Marta Soares após a AG, deixando a porta aberta a processos semelhantes a outros antigos dirigentes e admitindo a possibilidade de o clube avançar para a justiça: “Estou convencido que o Sporting não vai deixar que a culpa morra solteira. Se houver matéria, e admito que os nossos juristas a possam encontrar, seguirá para o Ministério Público.”

O presidente da AG referiu que as matérias sujeitas a votação pela direcção foram quase todas aprovadas por “unanimidade e aclamação”, como o novo plano para o Pavilhão João Rocha, uma obra orçamentada em 9,6 milhões de euros que se espera estar concluída em Dezembro de 2016 e inagurada em Março de 2017. Também aprovada foi a extinção de várias sociedades do universo empresarial sportinguista, todas ligadas ao sector imobiliário e da construção civil. O orçamento de receitas e despesas do clube para o exercício de 1 de Julho de 2015 a 30 de Junho de 2016 foi aprovado com 97,2% de votos favoráveis.

O ponto da agenda que mais tempo e discussão mereceu na AG foi a apresentação dos resultados da auditoria da gestão do património imobiliário durante os 19 anos que antecederam a entrada de Bruno de Carvalho no clube e que abrange os mandatos de seis antigos presidentes (Santana Lopes, José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes). A auditoria, uma promessa eleitoral do actual presidente, revela, entre outros dados, que a construção do actual estádio José Alvalade teve um custo final de 184 milhões de euros, estando inicialmente previsto um custo de 106 milhões, o que representa um desvio de 75%.

Outra conclusão da auditoria é a de que o Sporting “tinha um património imobiliário de 55 milhões e uma dívida bancária quase inexistente, e em meados de 2013 o património imobiliário era quase inexistente e a dívida bancária ascendia a 331 milhões”. De 1995 a 2013 geraram-se receitas de negócios imobiliários no valor de 174,401 milhões, mas as receitas “não permitiram [...] reduzir significativamente o passivo bancário do Grupo SCP nem financiar os investimentos dos projectos de construção do novo estádio e do centro de estágio”. “Os financiamentos apresentaram uma tendência vertiginosa, passando de uma situação de endividamento quase inexistente (564 mil euros em 31 de Dezembro de 1994) para uma dívida acumulada que ascende a 283 milhões a 30 de Junho de 2013”, revela ainda a auditoria.

com Lusa