O medo e as lições do mal
Enfrentar o terror é o melhor antídoto contra quem quer destruir as sociedades democráticas.
Três países, três atentados. Num período de menos de cinco horas, ataques terroristas em França, no Kuwait e na Tunísia, perpetrados pelo autodenominado Estado Islâmico, mataram dezenas de pessoas e feriram centenas deixando meio mundo perplexo perante a (aparente?) capacidade de organização do grupo jihadista. Enquanto se apuram todos os meandros de cada uma destas operações, fica a saber-se que as autoridades policiais e os serviços secretos de muitos países já esperavam este tipo de ataques, especialmente devido à aproximação do primeiro aniversário da proclamação do Estado Islâmico, que se assinala no próximo dia 29. Para já, o mais surpreendente é o facto de os atentados se terem realizado todos no mesmo dia. Há quem levante a hipótese de se tratar de mera coincidência por duvidar que uma organização ainda tão recente e bárbara tenha capacidade para coordenar, com este grau de precisão, células fisicamente tão dispersas. Mas este cepticismo talvez corresponda mais a uma atitude política, do que a um conhecimento mais profundo e global sobre a natureza, a dimensão e a organização do EI. Espalhar o terror é um dos objectivos cruciais dos jihadistas, daí a importância de impedir que seja o medo a comandar as políticas de segurança ou a justificar qualquer tolerância a medidas contrárias aos princípios que devem nortear as sociedades democráticas. Mas não é fingindo que o mal existe que se consegue ser eficaz. À luz do que se sabe, não será assim tão difícil coordenar comandos isolados para acções suicidárias, que foi o que aconteceu nos três países. Já quanto aquilo que se procurou atingir em cada uma das operações, percebe-se que a análise dos especialistas deve ser mais fina: um decapitado em França é exportar a barbárie para o coração da Europa; atacar turistas na Tunísia só pode ter objectivos económicos; já fazer-se explodir numa mesquita do Kuwait significa que ninguém está a salvo, nem um país de onde vem financiamento para o EI. Uma lição para quem enfiar a carapuça.
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Três países, três atentados. Num período de menos de cinco horas, ataques terroristas em França, no Kuwait e na Tunísia, perpetrados pelo autodenominado Estado Islâmico, mataram dezenas de pessoas e feriram centenas deixando meio mundo perplexo perante a (aparente?) capacidade de organização do grupo jihadista. Enquanto se apuram todos os meandros de cada uma destas operações, fica a saber-se que as autoridades policiais e os serviços secretos de muitos países já esperavam este tipo de ataques, especialmente devido à aproximação do primeiro aniversário da proclamação do Estado Islâmico, que se assinala no próximo dia 29. Para já, o mais surpreendente é o facto de os atentados se terem realizado todos no mesmo dia. Há quem levante a hipótese de se tratar de mera coincidência por duvidar que uma organização ainda tão recente e bárbara tenha capacidade para coordenar, com este grau de precisão, células fisicamente tão dispersas. Mas este cepticismo talvez corresponda mais a uma atitude política, do que a um conhecimento mais profundo e global sobre a natureza, a dimensão e a organização do EI. Espalhar o terror é um dos objectivos cruciais dos jihadistas, daí a importância de impedir que seja o medo a comandar as políticas de segurança ou a justificar qualquer tolerância a medidas contrárias aos princípios que devem nortear as sociedades democráticas. Mas não é fingindo que o mal existe que se consegue ser eficaz. À luz do que se sabe, não será assim tão difícil coordenar comandos isolados para acções suicidárias, que foi o que aconteceu nos três países. Já quanto aquilo que se procurou atingir em cada uma das operações, percebe-se que a análise dos especialistas deve ser mais fina: um decapitado em França é exportar a barbárie para o coração da Europa; atacar turistas na Tunísia só pode ter objectivos económicos; já fazer-se explodir numa mesquita do Kuwait significa que ninguém está a salvo, nem um país de onde vem financiamento para o EI. Uma lição para quem enfiar a carapuça.