Assinada a venda da TAP, “uma história anunciada desde finais dos anos 90”
David Neeleman afirmou que os trabalhadores terão "um grande orgulho nessa tradição de 70 anos".
Os contratos de venda de 61% da companhia ao consórcio Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, foram assinados nesta manhã, no Ministério das Finanças, em Lisboa. Na cerimónia estiveram ainda a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o ministro da Economia, António Pires de Lima, que descreveu a privatização como "uma história anunciada desde finais dos anos 90”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os contratos de venda de 61% da companhia ao consórcio Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, foram assinados nesta manhã, no Ministério das Finanças, em Lisboa. Na cerimónia estiveram ainda a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o ministro da Economia, António Pires de Lima, que descreveu a privatização como "uma história anunciada desde finais dos anos 90”.
Nas declarações que acompanharam a assinatura, Neeleman, dono da Azul, uma transportadora aérea brasileira, delineou os planos que tem para a companhia: comprar novos aviões, “expandir muito para os EUA”, onde pretende voar para mais dez destinos, e apostar no mercado brasileiro, com oito a dez novas rotas. Pôs também uma fasquia para o mercado europeu: "O serviço a bordo da TAP pode ser o melhor da Europa".
“A gente vai fazer todo o esforço para usar o capital que a gente vai colocar nessa empresa para criar uma grande empresa”, afirmou o empresário, que é norte-americano e tem também nacionalidade brasileira, num português carregado de sotaque americano. Acrescentou ainda que os trabalhadores – alguns dos quais fizeram greves em protesto contra a venda – vão ter “um grande orgulho nessa marca, nessa tradição de 70 anos”.
A operação significa um encaixe de dez milhões de euros para o Estado português, bem como um investimento de 354 milhões para capitalizar a TAP. O Governo tem a intenção de vender o restante capital nos próximos anos.
Por seu lado, Humberto Pedrosa, dono da empresa de transportes rodoviários Barraqueiro, afirmou que “a TAP continuará a ser uma empresa portuguesa”, que o consórcio fará “crescer sustentadamente num projecto de longo prazo”. A venda implica que a sede e a direcção da TAP se mantenham em Portugal pelos próximos dez anos.
Já a ministra das Finanças afirmou que “a privatização é a única solução que assegura a viabilidade da TAP tal como a conhecemos hoje” e classificou a venda como “mais uma prova de que o empenho reformista do Governo se mantém com a mesma força”.
A venda da TAP foi muito contestada pelos funcionários e ainda em Maio os pilotos fizeram uma greve de dez dias em protesto contra a intenção do Governo. Mas o presidente da empresa, Fernando Pinto, assegurou que, embora haja alguns trabalhadores que “por princípio não concordam com a privatização”, há pessoas “entusiasmadas com a nova era”.
Em declarações aos jornalistas, o gestor sublinhou a importância da injecção de dinheiro que será feita pelos novos donos e que foi um dos aspectos que levaram à escolha do consórcio Gateway. “A grande vantagem agora é o acesso ao capital, que nos faltou nos últimos 15 anos, pelo menos”, disse no final da cerimónia. O executivo reafirmou a intenção de deixar a empresa, mas não antes de o processo de transição estar concluído. “É meu dever prosseguir o trabalho de passagem de testemunho”, afirmou.