Ribeiro e Castro abandona Parlamento com críticas ao CDS e ao sistema partidário

O ex-líder do CDS sai no final da legislatura, "livre como um passarinho". Revela que está fora da corrida presidencial e mostra-se desapontado com o seu próprio campo político.

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Ribeiro e Castro Miguel Manso

Eleito pela primeira vez em 1976, Ribeiro e Castro, que foi presidente do CDS entre 2005 e 2007, anunciou esta terça-feira que vai interromper a sua actividade política, mas pretende continuar com uma intervenção cívica. “Vou naturalmente interromper a minha actividade política e continuarei a acção cívica, a minha actividade profissional [de advogado] ”, declara o ainda deputado, que deixa a Assembleia da República depois do encerramento dos trabalhos da comissão de inquérito sobre o caso de Camarate, que integrava.

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Eleito pela primeira vez em 1976, Ribeiro e Castro, que foi presidente do CDS entre 2005 e 2007, anunciou esta terça-feira que vai interromper a sua actividade política, mas pretende continuar com uma intervenção cívica. “Vou naturalmente interromper a minha actividade política e continuarei a acção cívica, a minha actividade profissional [de advogado] ”, declara o ainda deputado, que deixa a Assembleia da República depois do encerramento dos trabalhos da comissão de inquérito sobre o caso de Camarate, que integrava.

“Cumpre-se esta semana aquela que era a minha obrigação moral nesta legislatura – com o encerramento dos trabalhos da comissão de inquérito sobre a tragédia de Camarate -, uma missão para com o partido e a memória de [Adelino] Amaro da Costa [que morreu no acidente de avião, em 1984, juntamente com Francisco Sá Carneiro]. Concluído isto, sinto-me livre como um passarinho para procurar outros caminhos na minha vida”, afirma o deputado, citado pela Lusa.

Na hora de sair, o deputado democrata-cristão fala das divergências para com a actual direcção de Paulo Portas, evidencia o “fraquíssimo funcionamento interno” do partido e não poupa o líder e vice-primeiro-ministro pela forma como foi anunciada a comissão política nacional da coligação pré-eleitoral Portugal à Frente, que vai disputar as eleições legislativas de Outubro. “Ninguém sabe como foram nomeados ou eleitos os seus membros”, insurge-se.

A "consumadocracia" do CDS
“Creio que o sistema partidário está profundamente doente”, declara, revelando que o “CDS devia ser um sinal de diferença para melhor. Infelizmente, é para pior. Tem um fraquíssimo funcionamento interno, não há participação, vivemos em plena ‘consumadocracia’”. “Quem andou em campanhas, ouviu [dizer] várias vezes ‘vai trabalhar, palhaço!’ Eu ouvi. Não é coisa que me incomode, mas já me incomoda sentir que sou palhaço”, desabafa o antigo eurodeputado.

As críticas do deputado há muito que se ouviam. Em Março deste ano, numa entrevista ao jornal i, disse: “Sinto-me envergonhado com algumas coisas em que participei no Parlamento. Os partidos estão tomados por um grupo de poder”.

Aos 61 anos, mostra-se desapontado com o seu próprio campo político e concede que devia ter produzido respostas há mais tempo, quer em termos da coligação, mas também relativamente às presidenciais. A este propósito, coloca-se fora da corrida à Presidência da República, porque não é “um suspeito do costume”, e salienta que foi a falência do sistema institucional que “levou a que aparecessem candidatos fora da caixa”, numa alusão a Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa.

Eleito deputado nas I, II, VIII, XI e na XII legislaturas, José Ribeiro Castro foi secretário de Estado e Adjunto de ministros dos governos da Aliança Democrática e de Cavaco Silva. com Lusa