Imigrantes entram em camiões em andamento entre França e Inglaterra
Protestos dos trabalhadores de uma empresa no lado francês provocaram problemas no trânsito, o que foi aproveitado por centenas de pessoas para tentarem passar o túnel da Mancha.
Cerca de 400 trabalhadores bloquearam o porto de Calais, em protesto contra a reestruturação da empresa MyFerryLink, que faz o trajecto de ferry entre os dois lados do canal. Alguns deles cortaram as estradas com pneus a arder, o que provocou perturbações no trânsito.
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Cerca de 400 trabalhadores bloquearam o porto de Calais, em protesto contra a reestruturação da empresa MyFerryLink, que faz o trajecto de ferry entre os dois lados do canal. Alguns deles cortaram as estradas com pneus a arder, o que provocou perturbações no trânsito.
Aproveitando a lentidão dos enormes camiões que iam de Calais para o porto inglês de Dover, vários imigrantes que esperam no lado francês uma oportunidade para chegarem a Inglaterra não esperaram pelo cair da noite para tentarem fazer a travessia — as imagens captadas a partir de um helicóptero mostram muitos deles a entrarem para camiões em andamento, tentando escapar à polícia.
O tráfego no túnel foi interrompido por causa dos protestos dos trabalhadores, mas foram as imagens dos imigrantes a entrarem nos camiões que mais impressionaram — e que mais preocuparam as autoridades britânicas.
"Muitos migrantes ilegais nas proximidades de Calais podem tentar entrar no Reino Unido ilegalmente. Apesar de a polícia local ter sido reforçada, devem manter as portas dos veículos trancadas quando circularem devagar, e devem fechá-los quando saírem deles", avisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado aos automobilistas.
O número de imigrantes que tentam entrar em Inglaterra a partir de Calais aumentou de forma significativa no último ano — de cerca de 200 no início de 2014 para 3000 actualmente. A maioria são pessoas em fuga da pobreza e dos vários conflitos no Médio Oriente e em África.
Um deles, entrevistado pela BBC, chegou ao Norte de França há dois meses, vindo do Sudão, e já tentou atravessar o canal 28 vezes.
"Não estou preocupado com a polícia. O que é que eles podem fazer para me demover? Nada. Nem a possibilidade de eu morrer. Enquanto estiver vivo, vou continuar a tentar."