A Miúda vende livros infantis em português para quem vive no Reino Unido
Carla Cruz tinha dificuldade em encontrar livros escritos em português para ler à filha pequena, que é bilingue. Decidiu, assim, criar a Miúda, uma livraria online dedicada aos mais pequenos
A Matilde tem dois anos e meio e vive em Inglaterra, filha de uma portuguesa e de um suíço. O inglês é a língua que prefere para se expressar e o contacto com o português vai-se resumindo à mãe, Carla Cruz, que, há pouco mais de um mês, criou uma livraria online dedicada aos mais pequenos. A Miúda — assim se chama o projecto que é também o “hobby” da família — vende livros infantis portugueses.
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A Matilde tem dois anos e meio e vive em Inglaterra, filha de uma portuguesa e de um suíço. O inglês é a língua que prefere para se expressar e o contacto com o português vai-se resumindo à mãe, Carla Cruz, que, há pouco mais de um mês, criou uma livraria online dedicada aos mais pequenos. A Miúda — assim se chama o projecto que é também o “hobby” da família — vende livros infantis portugueses.
“Senti necessidade de procurar livros em língua portuguesa que pudesse ler à Matilde, com outros universos e de novas editoras, mas tinha sempre que esperar a visita de alguém”, começa por contar Carla ao P3, a partir de Inglaterra, onde vive desde 2009. A Planeta Tangerina foi a primeira editora que contactou, mas logo se seguiram outras: Tcharan, Orfeu Mini, Pato Lógico, Kalandraka.
Na Miúda existem 34 títulos diferentes, todos em português mas nem todos escritos por portugueses. Também há traduções, sobretudo de clássicos como “Onde Vivem os Monstros”, de Maurice Sendak. “Tenho consciência de que os livros que eu escolho são os que quero para a minha filha, infantis. Mas espero, no futuro, também poder ter outros para jovens”, diz a artista visual de 38 anos.
“Barriga da Baleia”, de António Jorge Gonçalves (Pato Lógico), “O Meu Avô”, de Catarina Sobral (Orfeu Mini) e “Livro Clap”, de Madalena Matoso (Planeta Tangerina) são alguns dos títulos disponíveis para envio dentro do Reino Unido. No catálogo online abundam livros que “combinam a parte da escrita com ilustrações fora do comum”, bem como uma gramática. “Se [com a Matilde] já é difícil manter a língua activa falada, quando chegar o momento de leitura e escrita vai ser um grande bico de obra”, brinca Carla.
A portuguesa de Vila Real, que se encontra a fazer uma residência artística numa instituição britânica com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, acredita que outros emigrantes no Reino Unido possam sentir a mesma necessidade. Com filhos ou não, encontrar livros portugueses em português à venda naquele país pode ser difícil e os portes de envio internacionais limitam a compra.
“Ter livros feitos e editados em Portugal, além de super giros, reforça o sentimento de orgulho de pertencer a uma cultura”, pensa. “E isso, em termos de fortalecimento de uma identidade que será sempre dividida, é importante”.