Fundadores do Livre/Tempo de Avançar salientam processo inédito das primárias
Só na terça-feira se deverá saber se Rui Tavares e Ana Drago vão constar nas listas para deputados às legislativas.
A escolha dos candidatos a deputados pelos subscritores de uma força política é inédita. “Era um nó górdio da nossa democracia, que excluía muitos portugueses da participação política, todos podiam votar nas eleições mas em escolhas que já estavam feitas. Desta vez, quem escolhe, quem decide, somos nós”, disse Rui Tavares, historiador e antigo eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda (BE). “Isto acontece pela primeira vez em 40 anos de democracia”, sublinhou.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A escolha dos candidatos a deputados pelos subscritores de uma força política é inédita. “Era um nó górdio da nossa democracia, que excluía muitos portugueses da participação política, todos podiam votar nas eleições mas em escolhas que já estavam feitas. Desta vez, quem escolhe, quem decide, somos nós”, disse Rui Tavares, historiador e antigo eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda (BE). “Isto acontece pela primeira vez em 40 anos de democracia”, sublinhou.
Em mesas de voto em todo o país – e por correspondência – perto de oito mil cidadãos escolhem entre os 385 candidatos a deputados que irão integrar 22 círculos eleitorais. “Os candidatos não precisaram de uma direcção para serem convidados, tomaram eles próprios a iniciativa”, refere Rui Tavares. Por isso à “alegria e entusiasmo” com que vê este processo o antigo eurodeputado junta a “muita responsabilidade” não só nesta eleição como num futuro acompanhamento do grupo parlamentar eleito que espera ser “numeroso”.
E como é que o próprio Rui Tavares encara a hipótese de não ser eleito candidato? “Com a mesma naturalidade do que os outros 380. Há candidatos que podem não ficar em nenhuma lista”, respondeu aos jornalistas antes de votar.
No Largo Camões, as mesas de voto foram instaladas, entre as 10h00 e as 20h00, num palco montado para as festas de Lisboa e cedido pela câmara à coligação. A quem passava por perto era distribuído um panfleto de apresentação do movimento com o título Aqui mandam os cidadãos e em que revela o apoio de figuras não só da política mas também da música (Olavo Bilac), do teatro (São José Lapa) e do humor (Ricardo Araújo Pereira).
Em cada círculo eleitoral, o boletim de voto tem o número de candidatos a deputados elegíveis. Em Lisboa são 47 e os eleitores têm de ordenar pela sua preferência 15 nomes. Um processo algo demorado e que, segundo o movimento, explica a fila que se formou para votar.
Como cada candidato podia constar em três círculos ao mesmo tempo, o apuramento de resultados será demorado e só deverá estar concluído na terça-feira.
Os eleitos terão um maior empenhamento na elaboração do programa eleitoral que já está a ser trabalhado por grupos, alguns com centenas de pessoas. “Esta é uma candidatura inclusiva e é o único sinal inovador da democracia”, salientou o fundador do Partido Livre que se juntou ao movimento Tempo de Avançar (em que estavam os ex-bloquistas Ana Drago e Daniel Oliveira) para concorrer às legislativas.
A coligação sublinha que o movimento está em crescendo (o colégio eleitoral passou de 400 para 8000 pessoas) e desvaloriza as sondagens. “As sondagens têm muita dificuldade em identificar estes movimentos. Nas europeias não estávamos nas sondagens e tivemos 2%”, observa Rui Tavares.
O momento da votação dos candidatos a deputados foi também o de falar com os jornalistas. Ana Drago, ex-deputada do BE, que também votou em Lisboa, desvaloriza uma possível não eleição. “Não é muito a questão aqui hoje. É fazer política de uma forma diferente, em que as pessoas sentem que aquilo que são a as suas escolhas são levadas a sério”, afirmou. Um processo que faz dos cidadãos muito mais do que “um friso humano nos comícios”.
Mas não é um processo sem dificuldades. A maior – identificou Ana Drago – é a de um movimento como o Livre/Tempo de Avançar se impor no debate no espaço público dos partidos do “arco parlamentar” e até no espaço mediático. Com a bandeira do fim da austeridade, Ana Drago assume que a coligação não se pode ficar pelas exigências: “Não queremos ser apenas o protesto”.