Christophe Marthaler leva o Festival de Almada para uma cama king size

Espectáculo do encenador suíço abre a 4 de Julho a 32.ª edição do festival.

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Agora que está de regresso para abrir, já a 4 de Julho, a 32.ª edição do festival, a viagem é em direcção à cama king size de um quarto de hotel forrado a papel de parede florido – King Size, assim se chama justamente a co-produção do Théâtre Vidy-Lausanne e do Theater Basel que trará ao Palco Grande da Escola Secundária D. António da Costa, passa-se nesse mundo fechado atrás de uma porta em que um casal de cantores dementes, um pianista careca e uma septuagenária em crise existencial são forçados a conviver (e a cantar) uns com os outros

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Agora que está de regresso para abrir, já a 4 de Julho, a 32.ª edição do festival, a viagem é em direcção à cama king size de um quarto de hotel forrado a papel de parede florido – King Size, assim se chama justamente a co-produção do Théâtre Vidy-Lausanne e do Theater Basel que trará ao Palco Grande da Escola Secundária D. António da Costa, passa-se nesse mundo fechado atrás de uma porta em que um casal de cantores dementes, um pianista careca e uma septuagenária em crise existencial são forçados a conviver (e a cantar) uns com os outros

Como é habitual nos espectáculos de Marthaler – que deu muitos passos na música, como oboísta e flautista, antes de entrar, vindo directamente do Maio de 68, na École International de Théâtre Jacques Lecoq, em Paris; e que entretanto fez algumas incursões bastante iconoclastas na ópera, a começar por um Tristão e Isolda no coração das trevas wagnerianas que é o Festival de Bayreuth –, a música é a língua dominante (mas é uma língua bastante babélica: canções tradicionais suíças, Lieder de Schumman, árias de Wagner, composições de Erik Satie, números de Stephen Sondheim, hits dos Kinks ou dos Jackson Five…). De resto, King Size foi construído a partir do conceito de “enarmonia” (a técnica de composição que permite escrever um mesmo som, à mesma altura, de duas maneiras diferentes), que para Christophe Marthaler é a tradução musical daquilo que na vida real é o fenómeno inelutável da metamorfose e da evolução. Assumidamente entre a peça de teatro e o recital de piano, a comédia de boulevard e a opereta, o teatro do absurdo e o karaoke, o espectáculo de abertura do Festival de Almada é, escreveu a revista francesa Les Inrocks, “uma das mais belas obras” (e “um absoluto golpe de mestre”) do encenador que foi artista associado do Festival de Avignon em 2010 e que o público português pôde ver também em 1998 com A Hora Zero ou A Arte de Servir (Centro Cultural de Belém/Culturgest/Ciclo Teatros do Século XX ) e em 2007 com Winch Only (Fundação Calouste Gulbenkian/Programa Próximo Futuro).

Além de Christophe Marthaler, foram já anunciados para o 32.º Festival de Almada espectáculos de Peter Stein (O Regresso a Casa, de Harold Pinter), Katie Mitchell (A Menina Júlia, de August Strindberg), Matthias Langhoff (Cinema Apollo, uma revisitação de O Desprezo, de Alberto Moravia/Jean-Luc Godard) e Luís Miguel Cintra (Hamlet, de Shakespeare). A restante programação é anunciada esta sexta-feira de manhã em conferência de imprensa.