O Papa e o valor da “nossa casa comum”
Volta a fazer-se história no Vaticano, desta vez com a primeira encíclica dedicada em exclusivo ao ambiente.
“Tornou-se urgente e imperioso o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de anidrido carbónico e outros gases altamente poluentes se reduza drasticamente, por exemplo, substituindo os combustíveis fósseis e desenvolvendo fontes de energia renovável.” Não, esta sugestão não partiu de nenhum grupo ambientalista, nacional ou estrangeiro. Tem a assinatura do Papa Francisco e é uma das muitas observações e sugestões feitas na encíclica Laudato Si’ (‘Louvado Sejas’), a primeira na história do Vaticano dedicada em exclusivo ao ambiente. Num momento em que se preparam reuniões e decisões, à escala mundial e sob a égide da ONU, sobre o tema (este mês, em Nova Iorque; em Setembro; e finalmente em Dezembro, quando deve ser aprovado, em Paris, novo tratado sobre o clima), esta intervenção do Papa reveste-se de particular importância, não só pela amplitude da abordagem proposta nas 187 páginas da encíclica, mas também pelo facto de esta se dirigir a todos, católicos ou não. Se na sua primeira exortação enquanto Papa (a Evangelii Gaudium, ou ‘Alegria do Evangelho’), Francisco se dirigia apenas “aos membros da Igreja”, na actual encíclica a sua pretensão é “entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum.” E esse diálogo, tratando o clima como “um bem comum, de todos e para todos”, assenta numa série de pressupostos que dizem respeito aos estados (políticas ambientais, energéticas, tecnológicas) e também a cada um dos habitantes do planeta (estilos de vida, hábitos de consumo, desperdícios), isto em sociedades ainda em notório desequilíbrio: “Já se ultrapassaram certos limites máximos de exploração do planeta, sem termos resolvido o problema da pobreza”, escreve Francisco a páginas 25. Laudato Si’, que já vai suscitando aplausos e críticas, mostra um Vaticano interventivo, onde a marca do Papa Francisco se vai fazendo notar, de forma clara, assinalando novos rumos.
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“Tornou-se urgente e imperioso o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de anidrido carbónico e outros gases altamente poluentes se reduza drasticamente, por exemplo, substituindo os combustíveis fósseis e desenvolvendo fontes de energia renovável.” Não, esta sugestão não partiu de nenhum grupo ambientalista, nacional ou estrangeiro. Tem a assinatura do Papa Francisco e é uma das muitas observações e sugestões feitas na encíclica Laudato Si’ (‘Louvado Sejas’), a primeira na história do Vaticano dedicada em exclusivo ao ambiente. Num momento em que se preparam reuniões e decisões, à escala mundial e sob a égide da ONU, sobre o tema (este mês, em Nova Iorque; em Setembro; e finalmente em Dezembro, quando deve ser aprovado, em Paris, novo tratado sobre o clima), esta intervenção do Papa reveste-se de particular importância, não só pela amplitude da abordagem proposta nas 187 páginas da encíclica, mas também pelo facto de esta se dirigir a todos, católicos ou não. Se na sua primeira exortação enquanto Papa (a Evangelii Gaudium, ou ‘Alegria do Evangelho’), Francisco se dirigia apenas “aos membros da Igreja”, na actual encíclica a sua pretensão é “entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum.” E esse diálogo, tratando o clima como “um bem comum, de todos e para todos”, assenta numa série de pressupostos que dizem respeito aos estados (políticas ambientais, energéticas, tecnológicas) e também a cada um dos habitantes do planeta (estilos de vida, hábitos de consumo, desperdícios), isto em sociedades ainda em notório desequilíbrio: “Já se ultrapassaram certos limites máximos de exploração do planeta, sem termos resolvido o problema da pobreza”, escreve Francisco a páginas 25. Laudato Si’, que já vai suscitando aplausos e críticas, mostra um Vaticano interventivo, onde a marca do Papa Francisco se vai fazendo notar, de forma clara, assinalando novos rumos.