O que Francisco diz sobre…

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A encíclica aborda diversos temas Max Rossi/Reuters

Alterações climáticas
“É verdade que há outros factores (tais como o vulcanismo, as variações da órbita e do eixo terrestre, o ciclo solar), mas numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é devida à alta concentração de gases com efeito de estufa”, diz a encíclica. Francisco afirma que os pobres serão os mais afectados e que os  mais ricos “parecem con­centrar-se sobretudo em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas”.

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Alterações climáticas
“É verdade que há outros factores (tais como o vulcanismo, as variações da órbita e do eixo terrestre, o ciclo solar), mas numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é devida à alta concentração de gases com efeito de estufa”, diz a encíclica. Francisco afirma que os pobres serão os mais afectados e que os  mais ricos “parecem con­centrar-se sobretudo em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas”.

Mercado de carbono
Sistemas de comércio de emissões, com licenças de poluição transaccionáveis no mercado, não são bem-vistos pelo Papa. Parecem ser, nas palavras de Francisco, “uma solução rápida e fácil, com a aparência de um certo compromisso com o meio ambien­te, mas não implicam de forma alguma a mudança radical que as circunstâncias exigem”

Resíduos e desperdício
“A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”, refere o Papa. O problema, diz Francisco, está intimamente ligado à “cultura do desperdício”. “Note-se, por exem­plo, como a maior parte do papel produzido se desperdiça sem ser reciclado”, escreve, citando a economia circular – que utiliza ao mínimo recursos não-renováveis – como a solução.

Acesso e privatização da água
Ao falar dos problemas de acesso à agua, Francisco faz uma crítica directa à sua privatização: “Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escas­so, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado”. Para o Papa, “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direi­tos humanos”.

Extinção de espécies
A encíclica chama atenção para dois aspectos em particular. Uma deles é sobre o valor intrínseco das espécies, mesmo que não sejam úteis para a humanidade. “Por nossa causa, mi­lhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua existência, nem poderão comunicar-nos a sua própria mensagem. Não temos direito de o fazer”, escreve Francisco. Outro alerta refere-se ao facto de darmos mais atenção às espécies mais visíveis, como um mamífero ou uma ave. “Para o bom funcionamento dos ecossistemas, também são necessários os fun­gos, as algas, os vermes, os pequenos insectos, os répteis e a variedade inumerável de microor­ganismos”.

Tecnologia e Internet
A encíclica reconhece os enormes e inegáveis benefícios do avanço tecnológico. Mas alerta para a forma como a tecnologia é de certa forma apropriada por quem detém o conhecimento e o poder económico. “O imenso crescimento tecnológico não foi acompanhado por um desenvolvimento do ser humano quanto à responsabilidade, aos valores, à consciência”, escreve o Papa. Também os meios de comunicação de massa e o mundo digital estão na mira de Francisco, que diz: “Os grandes sábios do passado correriam o risco de ver sufocada a sua sabedoria no meio do ruído dispersivo da informação”. A “poluição mental” causada pela “mera acumulação de dados” tende, segundo o Papa, “a substituir as relações reais com os outros, com todos os desa­fios que implicam, por um tipo de comunicação mediada pela Internet”.

Transgénicos
É uma posição cautelosa a que a encíclica toma sobre os transgénicos. “É difícil emitir um juízo geral sobre o de­senvolvimento de organismos gene­ticamente modificados”, lê-se no texto. O Papa Francisco defende um debate científico e social amplo, mas avisa: “Às vezes não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas é seleccionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, económicos ou ideológicos”.