Primeiro-ministro palestiniano anuncia demissão do governo

Executivo de consenso não conseguiu ultrapassar rivalidade Fatah-Hamas, especialmente em Gaza.

Foto
O primeiro-ministro demissionário, Rami Al-Hamdallah ABBAS MOMANI/AFP

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, disse que o primeiro-ministro, Rami Al-Hamdallah, lhe tinha indicado uma demissão provável do governo nos próximos dias, enquanto o secretário-geral da Fatah, Amin Maqbul, mencionou uma demissão ainda esta quarta-feira. O executivo “é demasiado fraco e não há qualquer hipótese de que o Hamas o deixe funcionar em Gaza”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, disse que o primeiro-ministro, Rami Al-Hamdallah, lhe tinha indicado uma demissão provável do governo nos próximos dias, enquanto o secretário-geral da Fatah, Amin Maqbul, mencionou uma demissão ainda esta quarta-feira. O executivo “é demasiado fraco e não há qualquer hipótese de que o Hamas o deixe funcionar em Gaza”.

A hipótese de dissolução do Governo foi colocada depois de uma delegação governamental de 40 pessoas, incluindo oito ministros, ter encurtado uma viagem a Gaza e regressado mais cedo à Cisjordânia, disse uma fonte à AFP. Os ministros voltaram depois de serem acusados de parcialidade numa disputa sobre salários.  

A iniciativa servirá para remodelar o governo mantendo o chefe do Executivo, antigo presidente de uma universidade, dizem fontes palestinianas. E acrescentam que apesar de considerarem que não está a ser possível concretizar o acordado com o Hamas, o novo governo tentará manter a matriz de unidade nacional.

Como o mês do Ramadão começa na quinta-feira nos territórios palestinianos, analistas dizem que não se esperam mudanças muito grandes.

O acordo de reconciliação Fatah-Hamas foi assinado em Abril do ano passado, seguido da tomada de posse do governo de consenso – formado por figuras sem filiação –, mas as rivalidades continuam. Ainda durante a guerra em Gaza em Agosto passado, membros do Hamas assassinaram suspeitos de colaborar com Israel em execuções, algumas públicas, no que a Amnistia Internacional diz que foi uma operação de ajustes de contas com rivais – alguns da Fatah

Os problemas entre as duas facções começaram em 2006, quando o Hamas venceu as eleições legislativas. Após vários confrontos, e lutas que em Gaza deixaram cerca de cem mortos, as forças do Hamas tomaram o controlo de Gaza.

A notícia da remodelação é mais um sinal de que as duas facções continuam divididas. “Não há uma real reconciliação entre o Hamas e a Fatah”, disse Diana Buttu, que já foi conselheira legal da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), ao New York Times. “A Cisjordânia não tem tentado realmente pressionar para a reconstrução de Gaza [após a ofensiva israelita do ano passado] e por isso era inevitável que este governo se desmoronasse.”