Vaticano e pedofilia: promessa cumprida
O julgamento de Wesolowski mostra uma Igreja disposta a encarar os crimes da pedofilia.
Se alguém tinha dúvidas acerca da determinação mostrada pelo Papa Francisco na luta contra a pedofilia na Igreja Católica, elas terão sido dissipadas com o agora confirmado julgamento do ex-núncio Jozef Wesolowski, o primeiro que a Justiça do Vaticano levará a cabo contra um membro do clero acusado de pedofilia. Convém recordar que, logo após a sua eleição, a 19 de Março de 2013, o Papa deixou claro que esta seria uma das suas prioridades. Logo em Julho desse ano assinou um decreto com o intuito de reforçar as punições contra crimes de pedofilia no interior da Igreja Católica, referindo-se-lhes como “abomináveis delitos”. Em Julho de 2014, após acusações do Comité dos Direitos da Criança da ONU, em Fevereiro, lamentando a “passividade” do Vaticano nessa matéria, recebeu uma delegação da Comissão Católica Internacional para as Crianças, pedindo publicamente “perdão” às vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja. E, respondendo com uma promessa a outro desafio do comité da ONU (o de levar a julgamento os religiosos acusados de pedofilia), ordenou em Setembro de 2014 a prisão domiciliária de Jozef Wesolowski – o ex-núncio que agora começa a ser julgado por crimes de abuso sexual de menores e posse de pornografia infantil. O decreto de Julho de 2013 teve, portanto, consequências. Por um lado, a Igreja Católica só tem a ganhar com posições firmes num “dossier” que, ao longo de décadas, tem sido tratado com desleixo, complacência e até cumplicidade. Isso pode reabilitá-la aos olhos de fiéis que dela se afastaram devido a tão “abomináveis delitos”, para usar as palavras do Papa. Mas também é verdade que, tendo o próprio Papa feito desta causa uma batalha sua, e tendo mostrado até agora determinação em prossegui-la, há sérias hipóteses de, pela primeira vez, assistirmos aqui a um processo que pode vir a ser exemplar. Aguardemos.
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Se alguém tinha dúvidas acerca da determinação mostrada pelo Papa Francisco na luta contra a pedofilia na Igreja Católica, elas terão sido dissipadas com o agora confirmado julgamento do ex-núncio Jozef Wesolowski, o primeiro que a Justiça do Vaticano levará a cabo contra um membro do clero acusado de pedofilia. Convém recordar que, logo após a sua eleição, a 19 de Março de 2013, o Papa deixou claro que esta seria uma das suas prioridades. Logo em Julho desse ano assinou um decreto com o intuito de reforçar as punições contra crimes de pedofilia no interior da Igreja Católica, referindo-se-lhes como “abomináveis delitos”. Em Julho de 2014, após acusações do Comité dos Direitos da Criança da ONU, em Fevereiro, lamentando a “passividade” do Vaticano nessa matéria, recebeu uma delegação da Comissão Católica Internacional para as Crianças, pedindo publicamente “perdão” às vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja. E, respondendo com uma promessa a outro desafio do comité da ONU (o de levar a julgamento os religiosos acusados de pedofilia), ordenou em Setembro de 2014 a prisão domiciliária de Jozef Wesolowski – o ex-núncio que agora começa a ser julgado por crimes de abuso sexual de menores e posse de pornografia infantil. O decreto de Julho de 2013 teve, portanto, consequências. Por um lado, a Igreja Católica só tem a ganhar com posições firmes num “dossier” que, ao longo de décadas, tem sido tratado com desleixo, complacência e até cumplicidade. Isso pode reabilitá-la aos olhos de fiéis que dela se afastaram devido a tão “abomináveis delitos”, para usar as palavras do Papa. Mas também é verdade que, tendo o próprio Papa feito desta causa uma batalha sua, e tendo mostrado até agora determinação em prossegui-la, há sérias hipóteses de, pela primeira vez, assistirmos aqui a um processo que pode vir a ser exemplar. Aguardemos.