Rússia acrescenta 40 mísseis balísticos intercontinentais ao seu arsenal nuclear
Putin responde à pretensão americana de colocar equipamento militar pesado no Leste europeu, anunciando a medida como uma “substituição” do equipamento antigo.
“Mais de 40 novos mísseis balísticos intercontinentais (ICMB), capazes de superar até mesmo os mais avançados sistemas antimíssil, serão adicionados ao arsenal nuclear este ano”, anunciou Putin, no discurso de abertura de uma exposição do equipamento militar do exército da Rússia, perto de Moscovo, citado pela agência Reuters.
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“Mais de 40 novos mísseis balísticos intercontinentais (ICMB), capazes de superar até mesmo os mais avançados sistemas antimíssil, serão adicionados ao arsenal nuclear este ano”, anunciou Putin, no discurso de abertura de uma exposição do equipamento militar do exército da Rússia, perto de Moscovo, citado pela agência Reuters.
O Presidente russo afirmou ainda que a aquisição dos novos mísseis, cujo alcance mínimo é de 5,500 km, justifica-se pela necessidade de “substituição dos antigos” e de “modernização das forças armadas russas”, segundo relata a BBC. Defendeu também que Moscovo não irá encetar numa corrida ao armamento, à semelhança do que a União Soviética e os Estados Unidos protagonizaram, a partir dos anos 60 e até ao final da Guerra Fria, no início dos anos 90.
Apesar desta afirmação, há quem defenda, dentro do executivo de Putin, que a corrida ao armamento é real, ainda que motivada pela actuação abusiva da NATO. “A sensação é a de que os nossos colegas dos países da NATO estão a empurrar-nos para uma corrida ao armamento”, confessou o vice-ministro da Defesa, Anatoli Antonov, citado pela agência russa RIA.
Este anúncio do reforço do arsenal russo com mísseis ICMB surge poucos dias depois se ter tornado pública a pretensão dos Estados Unidos de armazenar equipamento militar pesado nos países do Báltico e da Europa do Leste para “tranquilizar os aliados” da NATO, inquietos após a anexação da Crimeia pela Rússia, em Março de 2014, e devido ao alegado apoio do regime de Putin às forças rebeldes separatistas pró-russas que controlam uma parte importante do Leste da Ucrânia.
A verdade é que os episódios recentes e as constantes trocas de acusações entre os dois lados da barricada têm aumentado o clima de tensão entre a Rússia e o Ocidente, encabeçado pelos EUA.
Um membro do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citados pela Al-Jazeera, acusa Washington de “incitar tensões “ e “alimentar fobias anti-russas”, de forma a “expandir ainda mais a sua presença militar na Europa”. Iuri Iakubov, oficial do Ministério da Defesa russo, disse à agência Interfax que a pretensão norte-americana de colocar armamento em países como a Polónia, “é o mais agressivo passo dado desde a Guerra Fria”. Assim sendo, alerta para a necessidade da Rússia desenvolver “as suas forças e recursos na frente estratégica ocidental”.
Jens Stoltenberg, o Secretário-Geral da NATO, reagiu ao anúncio de Putin, afirmando, citado pela Reuters, que o aumento do número de mísseis ICMB confirma o padrão “desestabilizador e perigoso” do comportamento russo. Stoltenberg justificou ainda as acções recentes da NATO, como uma forma de “aumentar a disponibilidade e a prontidão” das suas forças, através do “fornecimento de protecção aos seus aliados, contra qualquer ameaça”
O aumento do investimento russo no armamento, numa altura em que a economia do país se aproxima da recessão, uma situação reforçada pelas sanções económicas decretadas pela União Europeia e pelos EUA, explica-se pela pretensão de Putin de mostrar ao Ocidente que a capacidade militar da Rússia continua a ser moderna e eficiente, numa lógica de afirmação de poder.
O equipamento militar exibido na parada militar de 9 de Maio de 2015, durante as comemorações do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscovo, são prova disso mesmo.