Estado Islâmico perde importante cidade na Síria
Jihadistas já não controlam Tall Abyad, um importante ponto de passagem para a Turquia.
Após cinco dias de ofensiva apoiada por ataques aéreos da coligação anti-EI dirigida pelos Estados Unidos e por grupos rebeldes sírios, as Unidades de Protecção Popular (YPG), a milícia do principal partido curdo, conseguiram tomar o controlo total da cidade ao amanhecer desta terça-feira, depois de combates que levaram à fuga de milhares de habitantes.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Após cinco dias de ofensiva apoiada por ataques aéreos da coligação anti-EI dirigida pelos Estados Unidos e por grupos rebeldes sírios, as Unidades de Protecção Popular (YPG), a milícia do principal partido curdo, conseguiram tomar o controlo total da cidade ao amanhecer desta terça-feira, depois de combates que levaram à fuga de milhares de habitantes.
Tall Abyad era um dos dois principais pontos de passagem informais com a Turquia através dos quais os jihadistas faziam passar armas e combatentes. Na fronteira entre a Síria e a Turquia, só o posto de Jarablos (norte da Síria) continua aberto, bem como algumas passagens secundárias.
Um responsável curdo, Ahmed Seyxo, disse à AFP que “o EI retirou sem oferecer muita resistência (…), foi uma vitória fácil”.
A aliança anti-EI (curdos e rebeldes) está a fazer uma vistoria em toda a cidade para “garantir que é seguro para os civis regressarem”, acrescentou Cherfane Darwich, porta-voz de um grupo rebelde que participou na ofensiva. “Há minas e viaturas armadilhadas por todo o lado e os corpos dos combatentes do EI jazem nas ruas”
“É certamente a mais importante derrota para o EI até agora”, afirmou Aymenn Jawad al-Tamimi, analista do Middle East Forum. Tall Abyad “servia como importante rota de trânsito para os combatentes, as armas e as mercadorias entre a Turquia e os territórios controlados pelo EI.” A cidade era crucial para o abastecimento de Raqqa, a “capital” do EI situada a 86 quilómetros. Agora, os jihadistas que estão em Raqqa e Deir Ezzor terão que percorrer mais centenas de quilómetros para chegar à fronteira turca.
Charlie Winter, especialista em movimentos jihadistas da Quilliam Foundation, sublinha que a derrota do EI em Tall Abyad também representa “um duro golpe no mito da vitória divina constante” que o EI tenta promover desde a sua aparição na Síria em 2013.
As forças curdas controlam actualmente 400 quilómetros da fronteira com a Turquia, entre Kobani (também reconquistada ao EI) até à fronteira iraquiana, no leste do país. Esta expansão territorial dos curdos preocupa o Governo turco que considera as YPG como o braço sírio dos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, classificado como “terrorista” por Ancara.
O principal medo das autoridades turcas é que os curdos sírios consigam constituir um território autónomo, tal como fizeram os curdos do Iraque, renovando assim as aspirações independentistas dos curdos da Turquia.
Estes últimos combates provocaram um novo êxodo de refugiados. Um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, informou que, entre o dia 3 e 15 de Junho, mais de 23 mil refugiados cruzaram a fronteira da Turquia, vindos da Síria. Cerca de 2 mil são de nacionalidade iraquiana, ao passo que os restantes 21 mil são sírios. Mais de metade são crianças e mulheres.
Spindler revelou ainda que, neste momento, encontram-se na Turquia cerca de 1,7 milhões de refugiados sírios, “mais do que em qualquer outro país no mundo”.