Sonangol assegura domínio do ex-BESA
Petrolífera estatal angolana é o maior accionista do Banco Económico, com 39,4% do capital.
Até ao momento, não se conhecia com exactidão as participações dos accionistas deste novo banco, estimando-se que a Sonangol ficasse com 35%, em pé de igualdade com um novo investidor, a Lektron Capital. No entanto, a Lektron, tida como sendo de investidores chineses (uma informação não confirmada pelo PÚBLICO), ficou com 30,98%, posicionando-se como segundo maior accionista.
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Até ao momento, não se conhecia com exactidão as participações dos accionistas deste novo banco, estimando-se que a Sonangol ficasse com 35%, em pé de igualdade com um novo investidor, a Lektron Capital. No entanto, a Lektron, tida como sendo de investidores chineses (uma informação não confirmada pelo PÚBLICO), ficou com 30,98%, posicionando-se como segundo maior accionista.
Para conseguir assumir o controlo do Banco Económico, a Sonangol teve de receber uma injecção de capital do Estado angolano, que ajudou ainda a petrolífera a manter-se como maior accionista do BCP. Conforme noticiou o PÚBLICO, a Sonangol recebeu 1062 milhões de dólares (965 milhões de euros) do Estado angolano como “prestação suplementar” para reforçar a presença no sector bancário. Deste valor, cerca de metade foi para o Banco Económico, e o resto serviu para acompanhar os aumentos de capital do BCP.
O capital restante do Económico está nas mãos da Geni (do general angolano “Dino”, e que já era accionista do BESA), que fica com 19,9% (e que é também accionista da Unitel, ao lado de Isabel dos Santos), cabendo ao Novo Banco uma fatia de 9,72%. Assim, aquele que é era o accionista maioritário, ainda antes da intervenção do Banco de Portugal no BES, passa agora a ser o accionista mais pequeno. De fora do Económico parece a Portmill (de Manuel Vicente, ex-CEO da Sonangol e vice-presidente de Angola, e do general “Kopelipa”), que detinha 24% do BESA.
Neste momento, a rede de balcões que pertenciam ao BESA, e que foi alvo de intervenção por parte das autoridades angolanas após o colapso do BES/GES (e no qual teve um activo, com somas avultadas de empréstimos por apurar), está a ser remodelada, no âmbito da nova identidade corporativa.
O presidente executivo do Banco Económico é Sanjay Bhasin, um gestor que tinha sido convidado em 2013 pela Sonangol para criar uma outra instituição financeira, o Banco de Poupança e Promoção Habitacional (que acabou por não avançar). Especialista em recuperação de créditos, trabalhou em empresas como a WestLB e Morgan Stanley. A presidência do conselho de administração fica a cargo de António Kassoma, membro do bureau político do MPLA que ocupou cargos como o de primeiro-ministro de Angola e o de presidente da Assembleia Nacional.
Descida no BCP
No caso do BCP, a recente operação de troca de dívida por acções do banco provocou uma maior dispersão dos títulos e uma diminuição das participações dos investidores qualificados. Com a entrada das novas acções no mercado, algo que ocorrerá hoje, a Sonangol desce dos actuais 19,44% para 17,84%. Mantém-se, no entanto, como maior accionista do BCP, com os espanhóis do Sabadell num distante segundo lugar (5,07%, quanto detinha 5,53% antes da operação de troca).
Isto partindo do pressuposto que os detentores de participações qualificadas não tenham trocado dívida por acções. Com estra estratégia, o banco liderado por Nuno Amado aumentou o seu capital em 387,5 milhões de euros. Em cima da mesa está ainda a proposta de Isabel dos Santos de fundir o BPI (da qual é o segundo maior accionista) com o BCP. A iniciativa da empresária angolana surgiu na sequência da OPA dos catalães do La Caixa ao BPI, tendo o BCP afirmado desde logo que estava “disponível” para analisar a fusão.