Governo líbio diz que comandante islamista morreu em ataque norte-americano

Veterano argelino é figura-chave na região e conhecido pela sua capacidade de escapar. Autoridades líbias dizem que o "gangster-jihadista" morreu.

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Mokhtar Belmokhtar, o gangster-jihadista, dedicava-se a tráfico e a terrorismo DR

Este não é o primeiro relato da morte de Mokhtar Belmokhtar, um dos jihadistas mais procurados no Magrebe já foi anunciada várias vezes e em vários locais, incluindo no Mali em 2013. Os franceses diziam que o comandante “gangster-jihadista”, com ligações à Al-Qaeda, era “impossível de apanhar”. Se a sua morte for desta vez confirmada será, diz o diário britânico The Guardian, um duro golpe para os grupos que operam com ligação à Al-Qaeda na região.

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Este não é o primeiro relato da morte de Mokhtar Belmokhtar, um dos jihadistas mais procurados no Magrebe já foi anunciada várias vezes e em vários locais, incluindo no Mali em 2013. Os franceses diziam que o comandante “gangster-jihadista”, com ligações à Al-Qaeda, era “impossível de apanhar”. Se a sua morte for desta vez confirmada será, diz o diário britânico The Guardian, um duro golpe para os grupos que operam com ligação à Al-Qaeda na região.

Belmokhtar já esteve associado à Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, mas terá saído para dirigir o seu próprio grupo, mantendo-se, no entanto, ligado à liderança central da Al-Qaeda, diz a agência Reuters. O ataque de que é acusado ao campo de gás de In Amenas deixou 38 mortos, incluindo três americanos. Durante o cerco de vários dias, alguns reféns conseguiram escapar e mencionaram como os atacantes conheciam bem o local. Tudo terminou após uma operação das forças argelinas, em que morreram ainda 29 jihadistas. 

Belmokhtar, que terá 43 anos, é conhecido como o “xeque zarolho” — perdeu um olho num combate no Afeganistão ou na Argélia, em cujas guerras participou — ou como “Mister Marlboro”, pelo seu papel nas redes de contrabando do Sara. Esteve ainda ligado a uma série de raptos na última década e a tráfico de armas. 

Segundo o Wall Street Journal, terá sido o seu sucesso a arrecadar receitas com os raptos de ocidentais a chamar a atenção de Osama bin Laden em 2006, e a levar o seu grupo para a rede da Al-Qaeda.

O ataque norte-americano do fim-de-semana que o poderá ter atingido foi feito com dois F15 que lançaram várias bombas, segundo o jornal norte-americano USA Today. Nos EUA, era acusado de “lançar um reinado de terror há vários anos, para conseguir o seu objectivo que ele próprio declarou como lançando uma guerra contra o Ocidente”. 

A CIA diz que o segue desde os anos 1990, e os Estados Unidos ofereciam uma recompensa de até 5 milhões de dólares (4,45 milhões de euros) por informações que levassem à sua localização. Foi condenado à morte várias vezes por tribunais argelinos. 

OS EUA já levaram a cabo mais operações na Líbia desde o final da campanha da NATO contra o então líder líbio Muammar Khadafi, em 2011, com comandos a entrarem no território e a levarem dois acusados de ataques contra alvos americanos: Anas al Libi, suspeito de envolvimento em ataques contra embaixadas dos EUA em África, levado da sua casa em Tripoli em 2013, e no ano seguinte foi capturado Ahmed al Khattala, acusado pela morte do embaixador Chris Stevens na Líbia em 2012, num raide em Bengazi supostamente secreto (mas noticiado pelo Washington Post).

Mas, segundo o New York Times, o ataque contra Belmokhtar marca o primeiro bombardeamento americano na Líbia desde 2011, numa altura em que aumentam as preocupações pela situação caótica do país, com duas autoridades rivais a reclamar o controlo do país e uma instabilidade que tem permitido um crescimento de actividades de jihadistas e de redes de tráfico, incluindo grupos de criminosos que exploram migrantes que tentam chegar à Europa atravessando o Mediterrâneo.

O ataque ocorreu ainda quando houve relatos da expulsão de forças do autoproclamado Estado Islâmico da cidade de Derna.