Já são mais de metade os alunos do secundário que estão dispensados de fazer exames
Os alunos dos cursos profissionais não precisam de fazer exames para concluir o secundário.
Os últimos dados divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciências dão conta que em 2013/2014 os alunos dos cursos profissionais representavam já 56,2% dos 344.115 inscritos nesse ano no secundário.
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Os últimos dados divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciências dão conta que em 2013/2014 os alunos dos cursos profissionais representavam já 56,2% dos 344.115 inscritos nesse ano no secundário.
Os exames só são obrigatórios para os alunos dos chamados Cursos Científico-Humanísticos, que se destinam essencialmente a quem quer prosseguir estudos no ensino superior. Em 2013/2014, o último ano com dados, frequentavam esta modalidade 208.360 estudantes. Nos cursos profissionais do secundário estavam inscritos 193.661 alunos, que poderão concluir o secundário só com a avaliação que lhes é dada pelos professores na escola, a que se junta o resultado da Prova de Aptidão Profissional, obrigatória no final do curso.
Entre 2007/2008 e 2013/2014 houve mais 45.113 alunos que optaram pelos cursos profissionais, enquanto no mesmo período o ensino regular perdeu, neste nível de escolaridade, cerca de 15 mil estudantes.
A taxa de conclusão do secundário dos alunos dos cursos profissionais tem sido sempre superior à dos CCH. Entre 2009/2010 e 2012/2013 oscilou entre 75,7% e 66,5%, enquanto no ensino regular, onde os exames contam 30% para a nota final, variou entre 69,6% e 65,5%. Mas o desempenho nos exames é mais fraco entre os alunos do profissional. No conjunto das duas fases dos exames nacionais de 2014 a média dos alunos oriundos dos cursos profissionais foi de 7,2 (numa escala de 0 a 20) e a dos CCH situou-se nos 9,7.
Para os alunos dos cursos profissionais, os exames só são obrigatórios se pretenderem prosseguir estudos no superior. Dos 157.264 que estão inscritos para os exames nacionais que começam nesta segunda-feira, apenas 805 são oriundos de cursos profissionais. Um número menor do que o registado nos dois anos anteriores, em que ultrapassaram os mil inscritos, mas mantendo inalterável a sua representatividade no conjunto dos candidatos a exames. Representam 1% do total. No conjunto de inscritos, e por comparação a 2014, há menos 1302 alunos que se candidataram este ano a exame.
O actual ministro da Educação, Nuno Crato, estabeleceu como objectivo ter 50% dos alunos do em vias profissionalizantes à entrada do secundário ou seja, quando transitam do 9.º ano para este nível de ensino. No que respeita ao conjunto do secundário, este é um objectivo que já foi, como se viu, amplamente suplantado.
Já quanto aos inscritos no 10.º ano, os últimos dados disponíveis dizem respeito a 2012/2013 e colocam em 38,2% a percentagem de alunos que optaram por cursos profissionais neste primeiro ano do secundário. Seguindo o exemplo alemão, Crato tem apostado sobretudo no chamado ensino vocacional, onde 40% da formação é feita em contexto de trabalho.
Estes cursos foram introduzidos no ensino básico em 2012-2013 e no secundário um ano depois. Este ano lectivo, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência (MEC), foram aprovadas no básico 1075 turmas frequentadas por 22.660 alunos e no secundário 96 com 1910 alunos. No conjunto estão envolvidos cerca de 25 mil alunos e perto de cinco mil empresas.
Os alunos do ensino profissional só podem fazer os exames nacionais como autopropostos, mas para efeitos dce prosseguimento de estudos no ensino superior a classificação final do curso também é calculada com base na nota interna, que conta 70%, e na médis de dois exames nacionais, que vale 30%.
Notícia corrigida às 16h26 do dia 15 de Junho. Altera cálculo da classificação9 final para efeitos de prosseguimentos de estudos.