O “caso sério” grego e o “aviso” português
Um possível incumprimento da dívida grega paira sobre a Europa, com Portugal ainda fragilizado.
Paira sobre a zona euro um novo fantasma, de velhos antecedentes: o perigo de a Grécia não conseguir pagar até final de Junho os juros devidos aos credores e assim entrar em incumprimento. Oficialmente, este tem sido tema tabu, sobretudo para não “assustar” os mercados, mas ontem o Eurogrupo já o discutia abertamente. Visto de fora, parece um jogo de gato e rato. A Grécia vai dizendo que está “perto de um acordo”, enquanto os devedores clamam, em troca, por reformas que o governo grego rejeita. E, sendo assim, retêm a última parte de um empréstimo concedido em 2012, uns 7,2 mil milhões que dariam jeito aos gregos para pagar, dentro do prazo, os 1,6 mil milhões de juros ao FMI (um dos credores, a par com a União Europeia). FMI que decidiu abandonar as negociações, decerto como forma de pressão para que a Grécia ceda e cumpra o que lhe é exigido.
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Paira sobre a zona euro um novo fantasma, de velhos antecedentes: o perigo de a Grécia não conseguir pagar até final de Junho os juros devidos aos credores e assim entrar em incumprimento. Oficialmente, este tem sido tema tabu, sobretudo para não “assustar” os mercados, mas ontem o Eurogrupo já o discutia abertamente. Visto de fora, parece um jogo de gato e rato. A Grécia vai dizendo que está “perto de um acordo”, enquanto os devedores clamam, em troca, por reformas que o governo grego rejeita. E, sendo assim, retêm a última parte de um empréstimo concedido em 2012, uns 7,2 mil milhões que dariam jeito aos gregos para pagar, dentro do prazo, os 1,6 mil milhões de juros ao FMI (um dos credores, a par com a União Europeia). FMI que decidiu abandonar as negociações, decerto como forma de pressão para que a Grécia ceda e cumpra o que lhe é exigido.
Pois bem: se isso não for possível, será a primeira vez que um país da zona euro entra em incumprimento e isso pode, no curto prazo, ter consequências pesadas, sobretudo para aqueles (como Portugal) que ainda estão sob vigilância dos credores. A 17 de Maio de 2014, quando Portugal se “libertou” da troika, ao fim de três anos de austeridade imposta e vigiada, houve quem celebrasse a data como uma espécie de “restauração” da era moderna. Foi, naturalmente, um exagero alimentado pela propaganda e causador de algum delírio. A troika, como rapidamente se percebeu, “anda por aí”, e por aí vai deixando sugestões que soam a ordens. Portanto, o “vexame” a que Paulo Portas se referiu em 2014 (“conhecemos o vexame”, disse ele, como se fosse coisa do passado), mantém-se em versão branda. Portugal, diz a troika no seu mais recente documento, saído da mais recente vistoria, aplicou medidas ainda insuficientes para baixar o défice aos níveis exigidos. Atenção salários, atenção pensões, atenção impostos. Se alguém falou em paraíso, equivocou-se. Há um “aviso”, bem sonoro, a lembrá-lo.